domingo, 21 de dezembro de 2008

Prostituição na Idade Média

Neste trabalho falarei sobre a condição das prostitutas no Ocidente Medieval usando como fonte a leitura do capítulo VI do texto Sexo, Desvio e Danação. E também da Bíblia da Mulher nas Epistolas aos Coríntios I e II. Mostrarei de maneira simplificada com eram vistas pelo meio onde viviam durante a idade média, mais especificamente no Ocidente.

Meretriz, rameira, mulher-dama, cortesã, prostituta... São muitos os nomes que designam um dos mais antigos ofícios do mundo. Era uma atividade vista como repulsiva, mas necessária à sociedade e por isso tolerada para evitar algo pior. Acreditavam que usando esses serviços, os jovens ficavam desestimulados a praticar o estupro e afastados da homossexualidade. As prostitutas obrigadas a usar roupas especiais, eram segregadas em locais conhecidos como "zonas de luz vermelha". Na cidade de Avignon, elas eram proibidas por lei de tocar em frutas e pão no mercado para não contaminá-los e ainda trabalham fora dos muros que cercam os centros urbanos da época. E no século XV, também na França, o rei Carlos VII reconheceu a necessidade dos serviços oferecidos pelos bordéis para jovens solteiros e autorizou a presença dos maiores de dezesseis anos. Pelos regulamentos estavam excluídos os sacerdotes, judeus, homens casados e leprosos. A clientela desse comércio era formada pelos rapazes que não podem, em razão da idade, ter encargos de família e também pelos tímidos, os defeituosos, e pelos homens relativamente normais, que não encontrando satisfação sexual junto de suas esposas procuravam obtê-la através das sucessivas e fugazes uniões com prostitutas.

As limitações de ordem religiosa, moral e fisiológica, opostas à livre satisfação do desejo sexual do homem levaram a manter essa instituição pública do meretrício. À prostituição neste Ocidente pretensamente culto chamam ainda de mal necessário. Grande parte dos ensinamentos evangélicos em relação ao sexo se encontra em Paulo, principalmente nas Epístolas aos Coríntios I e II. É preciso não se afastar do contexto para compreender os fatos: Corinto era um porto muito movimentado, onde florescia a prostituição e outros comportamentos contrários à nova moral. Capital Política da Grécia era o Empório das negociações com o Mediterrâneo e também a antiga Corinto era o lugar onde se localizava o Templo da Deuza do Amor Afrodite por isso a igreja não via com bons olhos os desvios de seus habitantes. Corinto atraia negociantes, filósofos e artistas de todo o mundo conhecido um pólo propício para a prostituição.

Virgindade, castidade e celibato são considerados pelo apóstolo melhores que o casamento, mas quem não puder se contiver que se case, pois é “melhor casar-se do que abrasar-se” (I Cor 7, 9) e somente dentro do matrimônio é que se poderia exercer a sexualidade. “Uma vez casados, marido e mulher não deveriam recusar (sexo) um ao outro”: Não vos recuseis um ao outro, exceto, talvez por algum período de mútuo consentimento, para ocupar-vos da oração; mas então, tornai a juntar-vos em um, para que Satanás não vos tente, por causa de vossa incontinência. (I cor, 5). Naquela época a mulher era considerada muito inferior ao homem e estava muito marginalizada socialmente. A indissolubilidade do casamento estabelecia maior proteção e amparo à mulher, pois o marido podia divorciar-se dela por qualquer coisa, deixando-a desamparada numa sociedade em que a única alternativa nesse caso seria a prostituição. Se uma separação fosse inevitável, o casal deveria manter-se daí em diante em celibato; um novo casamento só era permitido em caso de morte de um dos cônjuges. Não aparece no Novo testamento referências ou proibições à masturbação, mas a moralidade do cristianismo passa a considerar o corpo e as sensações corporais como fontes de pecado. A rejeição ao prazer físico de forma geral, com ênfase na aversão ao prazer sexual, aparece em função de interpretações baseadas nas filosofias em moda na época, afastando-se da Bíblia, que apresenta uma visão bem mais positiva da sexualidade.

Santo Agostinho (335-430) foi o pensador católico mais influente na formação e divulgação desta nova moral sexual e seus ensinamentos transcendem a sua época para inspirar toda a teologia moral posterior. Seu pensamento é marcado por Platão e Plotino, bem como pelo maniqueísmo, sua religião antes da conversão ao cristianismo. Em sua luta contra a sexualidade, que impregnava toda a sua existência, formulou uma moral que implica numa profunda repressão à sexualidade e ao prazer e propôs que, mesmo dentro do casamento, a relação sexual se dê sem prazer atendendo como único objetivo à procriação.


Embora o sexo fora do matrimônio fosse proibido pelas leis eclesiásticas, existiam as prostitutas, como também existiam os "bordéis" e, aliás, o termo bordel vem daquelas épocas. Os homens livres, cavaleiros, soldados, artesãos, servos da gleba ali se divertiam com as prostitutas e levavam para casa e, consequentemente para suas esposas, toda sorte de doenças venéreas tais quais as que conhecemos hoje. Um fato interessante é o das prostitutas da idade média é, de que possivelmente (conforme alguns autores) terem dado origem à enfermagem, pois nas guerras entre senhores feudais, eram as prostitutas que cuidavam dos feridos em batalha. Na realidade, as prostitutas sempre foram às guardiãs da moral hipócrita da sociedade. Apesar de desvalorizadas, eram consideradas úteis e necessárias. Do ponto de vista das famílias, elas contribuíam para preservar a castidade das moças que deveriam chegar virgens ao casamento e, ao mesmo tempo, preservavam a ‘virilidade’ do rapaz para que não chegasse virgem ao casamento. Sua contribuição para o casal era óbvia: permitia a esposa se manter ‘respeitável’, enquanto o marido buscava a satisfação de suas necessidades sexuais, impossíveis de serem satisfeitas no casamento, fora de casa. Como centro das atenções, mulheres. Mulheres que fazem de seus corpos instrumento de trabalho, demonstrando tratar o sexo com naturalidade. Ao oferecer prazer e realizar fantasias, a figura dessas mulheres mexe com o nosso imaginário erótico. Sempre disponíveis ao prazer, elas exercem uma espécie de fascínio que torna o mundo da prostituição envolto em mistérios.

Os Astecas

INTRODUÇÃO
Esse texto trata-se de uma breve análise sobre a arte asteca. A escolha do tema foi devido a uma lacuna deixado em aberto pela disciplina de Artes até o século XV da Universidade Luterana do Brasil do campus de Canoas cursada no segundo semestre de 2008. Onde o trabalho foi todo dirigido para a arte européia. Sabemos que o fator tempo foi também responsável por essa “marginalização” da arte americana, porém não poderíamos deixar de fazer essa crítica, principalmente porque somos americanos. Outro fato importante deste trabalho é que ele visa tirar o estigma da historiografia vigente, de que os Astecas eram uma sociedade fundamentalmente voltada para a guerra, e com pouca produção cultural.

Quando estudamos os antigos impérios, as análises são feitas a partir de vestígios arqueológicos, que são compostos por o que chamamos de Cultura Material, porém também é possível extrair destes objetos aspectos intrínsecos e/ou abstratos, que representam também um pouco da Cultura Imaterial destes povos.

O método utilizado para construirmos este trabalho foi o de leituras de três obras que são elas: Astecas da autora Fiona Macdonald, Os Astecas de Mireille Simoni Abbat, A civilização Asteca de Jacques Soustelle. Como também assistimos o documentário Construindo um Império (volume III) de subtítulo Os Astecas.

Também foram utilizados os arquivos de imagens disponíveis “on line”, que serviram para elucidar, como também para concluir, as idéias construídas a partir de uma reflexão sobre o material pesquisado.

HISTÓRICO
Os Astecas ou Mexicas não eram originários do México. Eles migraram para lá durante os séculos XII e XIII. Neste período o México central estava passando por um processo cultural surpreendente de desenvolvimento. As tribos “bárbaras” vindo de outros lugares adaptaram-se rapidamente ao local, inclusive adotando, tanto uma vida sedentária, como também, a agricultura, a língua, os ritos e a forma de governo das cidades Toltecas. No período do século XIV já formavam 28 estados que compartilhavam entre si o planalto central, mas não pacificamente, ocorreram diversas lutas entre eles pela hegemonia da região. Mesmo passando por um momento marcado pela violência e intrigas, ocorreu também, o que podemos chamar de um “renascimento da civilização Tolteca. (SOUSTELLE, 2002, pag. 14)

Os últimos a chegarem a este contexto foram os Astecas e na tentativa de ter um rei como às dinastias vizinhas entraram em conflito com elas, mas o seu candidato a soberano foi capturado e sacrificado. Exilados os Astecas se estabeleceram nas terras estéreis de Tizapan, em 1345 os Astecas procuraram refúgio numa ilha pantanosa no meio do Lago Texcoco. Foi lá que o grande sacerdote (Serpente-águia) recebeu a mensagem do Deus da Guerra (Uitzilopochtli), na qual os Astecas deveriam construir a sua cidade sobre uma ilha rochosa, na qual se veria uma águia devorando uma serpente, a ilha se tornaria Tenochititlán (que significa “terra da fruta do cacto”), uma cidade construída por grandes engenheiros no meio de um lago, a partir de uma ilha, e que hoje conhecemos como cidade do México.

A guerra movia a sociedade asteca, eles viam na guerra uma fonte segura para a obtenção de tributos. O soberano, os sacerdotes e os nobres eram líderes guerreiros. Havia também os guerreiros Águia e Jaguar, que combinavam habilidade em lutar e votos religiosos. Somente os nobres podiam associar-se a elas, mas todos os homens adultos deveriam deixar suas casas e juntar-se ao exército sempre que o grande tambor de guerra soasse.

O primeiro soberano, que eles chamavam de tlatoani (orador), foi Acamapichtli empossado no ano de 1367, e o último foi Cauhtemoc deposto pelos espanhóis em 1524, o seu mais famoso governante foi Motecuhzoma Xocoyotzin (1502 – 1520) ou Motecuhzoma II, pois foi no período de seu reinado que ouve o contato com os espanhóis chefiados por Cortez.

ARQUITETURA
A arquitetura asteca tinha por excelência a religião. A forma mais freqüente dessa expressão era a da pirâmide escalonada, semelhantes a dos monumentos Toltecas, com um ou dois santuários no seu topo e uma escadaria que ligava a base ao seu cume. Porém as pirâmides não eram as únicas obras que habitavam o seu universo arquitetônico. Há relatos dos conquistadores espanhóis que fala de um templo que apresentava uma forma circular oferecido ao deus Quetzalcoatl, que foi construído em honra a esse deus enquanto se identificava com Eecatl o deus do vento. Já em Malinalco, nas montanhas que cercam o planalto de Tolouca, encontra-se um templo inteiramente escavado na rocha, que se mantém até hoje como o único monumento desse tipo conhecido no México.

A água doce sempre foi um problema para as antigas civilizações, sempre dependentes de fontes distantes, e os aquedutos era a única forma de garantir água para uma grande cidade, e eles são a prova da engenhosidade destes povos. E com os Astecas não foi diferente esse povo conseguiu construir sozinho o que poucos povos do mundo conseguiram.

O aqueduto tinha dois canais de um metro e meio de altura por um metro de largura, enquanto limpavam e reparavam o primeiro o segundo era utilizado para que o fluxo de água nunca se interrompesse, e percorria quase cinco quilômetros desde o continente até Tenochtitlán.
Além disso, ainda temos a arquitetura militar como fortalezas e redutos fortificados que defendiam os pontos de passagem.

ESCULTURAS
A escultura asteca como a arquitetura, tem como tema principal aspectos religiosos, mas também podemos encontrar formas reverenciando os guerreiros e também a astrologia. E maioria das obras tinha que seguir os traços dos modelos clássicos do período tolteca.

Entre as diversas esculturas (a maioria permanecem soterradas sob os escombros de templos e palácios após a queda do império) o calendário asteca é, sem dúvida, o mais célebre deles. Ele resume em seu disco o conjunto de concepções cosmológicas dos antigos mexicanos.

“... Em 17 de dezembro de 1790 foi descoberto numas escavações da praça maior da cidade do México um disco de pedra, unido a um bloco quadrangular de basalto olivina, com diâmetro de 3,60, o peso de 24000 kg e a espessura de 1 m. A face estava esculpida, e passou a chamar-se “Pedra do Sol” e “Calendário asteca”. Ao centro está representado o sol, com a língua de fora, que quer dizer a luz; no segundo circulo estão as quatro idades do mundo; no terceiro, as figuras dos dias do mês; no quarto, o quinário venusino, em cada retângulo representa as cinco translações do planeta; o quinto, o número 104 do “duplo século”; o sexto, um número de 416 anos solares, o sétimo, os corpos das serpentes, sobre cujo corpo estão assinalados 260 pontos e os 365 dias do ano civil. Contém ainda algumas constelações e outros símbolos cronográficos...” (ABBAT, 1976, pag. 82)

A escultura asteca é maciça e imponente. Muitas obras mostram a influência artística dos Toltecas, e dos povos da costa do golfo, porém a estatuária religiosa possui traços típicos que expressam o caráter primitivo e violento dos Astecas. Muitas esculturas também retratavam os guerreiros astecas. Águia e Jaguar eram as mais importantes. A guerra era um valor supremo da cultura Asteca, e o objetivo do combate era demonstrar bravura, como também, capturar tribos inimigas para utilizá-los nos rituais de sacrifício.

ARTES MENORES
Este termo que classifica esta área das artes astecas não condiz com os artefatos criados a partir destas técnicas, que são elas: a cinzelagem, ourivesaria, e a arte plumária. Elas desempenhavam um papel capital em uma sociedade onde os luxos da ornamentação marcam o poder de cada um. Os metais preciosos, e mais ainda as pedras verdes (jade, jadeísta, nefrita), assim como as plumas de pássaros tropicais exerciam um verdadeiro fascínio sobre os indígenas.

De todas elas a cinzelagem é a mais antiga, os Maias já faziam jóias e máscaras em mosaico. As mascaras tinham o molde feito em madeira eram incrustados de mosaico feitos de minúsculas peças de turquesa, jade e madre-pérola. Entre outras obras desta técnica está à serpente em mosaico, uma cobra venenosa feita para ser usada como jóia por um rico nobre, ela é feita de fragmentos de turquesa e tem conchas imitando dentes. Os artesãos astecas eram muito habilidosos para cortar e esculpir pedras. Eles usavam ferramentas simples, normalmente feitas de “pederneira” (pedra muito dura). Outra peça encontrada pelos arqueólogos é uma faca, esta finamente decorada era usada para matar vítimas e arrancar seus corações, que seriam oferecidos aos deuses. A sua lamina era feita de obsidiana, tão eficaz que hoje ela é utilizada na cirurgia de córneas.

As plumagens possuíam duas técnicas de confecção: a primeira consistia em fixar as plumas, por meio de um fio de algodão, sobre uma armadura de vime ou bambu. Já a segunda utilizava plumas cortadas em pequenos fragmentos que eram colados sobre um tecido ou papel, e superpostas ao final para obter uma diversidade de nuanças por transparência.
A arte que despertou o interesse dos conquistadores foi a ourivesaria. Os artesãos astecas fizeram muitos e belos objetos de ouro e prata. Somente algumas restaram. As outras foram levadas para a Espanha e derretidas para se transformar em moedas.

Os ourives usavam o método da cera derretida para fazer objetos. Faziam um molde em argila, enchia-o com cera e recobria com mais argila. Depois, aquecia o molde para que a cera derretesse e escorresse por uma abertura. Derramavam o ouro derretido dentro do molde, deixavam esfriar, quebravam a proteção de argila e estava moldada a peça.

PINTURA E LITERATURA
O escriba Asteca tinha o título de pintor, os manuscritos hieroglíficos e pictográficos, constituam antes de tudo uma compilação de imagens, ou série de pequenos quadros desenhados e coloridos conhecidos como codex ou “códices”. Eles foram feitos em escrita pictórica (os astecas representavam os números através de um sistema de pontos, porém não tinham o conceito de zero). Os antigos códices eram uma mistura de calendário e livros de história; registravam acontecimentos importantes, como as atividades dos sacerdotes e reis, observações astronômicas, como também registravam os impostos e tributos enviados pelas cidades conquistadas, eles mostram exatamente quais tributos eram pagos.

A pintura dos astecas é uma arte intermediária entre a escrita e a iluminura, manifestada através da execução minuciosa de caracteres pictográficos e da figuração de cenas históricas ou mitológicas. Os objetos são representados de frente ou de perfil e, às vezes, as duas posições são sobrepostas, resultando numa imagem irreal, mas sempre compreensível. Não conhecem a perspectiva e o colorido não tem nuances, porém há sempre contornos negros delimitando cada forma e realçando a vivacidade das cores.
BIBLIOGRAFIA
CONSTRUINDO UM IMPÉRIO vol. III. The History Channel. Log on editora multimídia, um disco 4.35g, colorido, legendado e dublado. Gravado em NTSC. DVD. Disco de vídeo.
MACDONALD, Fiona. Astecas. Tradução Mônica Desidério. São Paulo: ed. Moderna. 1996
ABBAT, Mireille Simoni. Os Astecas. Tradução Mário B. Nogueira. Porto: ed. Vertente. 1976.
SOUSTELLE, Jacques. A civilização asteca. Tradução Maria Júlia Goldwasser. Rio de Janeiro: ed. Jorge Zahar. 2002.
http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=astecas&gbv=2, acessado dia 27 de novembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

UMA CAUSA JUSTA



Este relato busca trazer a tona uma reflexão sobre o exemplo a ser seguido da luta pela liberdade do negro e a sua afirmação como agente no processo histórico-cultural de nosso país (Brasil). Entretanto não tenho como objetivo fazer uma revisão bibliográfica, e sim pretendo relatar através de uma análise um aspecto que para mim foi de fundamental importância, porque consegui construir um melhor entendimento do contexto social no qual estou inserido. A resistência negra na luta contra a opressão. Porém sei que seria impossível esgotar o tema através desta simples análise.

Essa resistência, de que falo, era feita de diversas formas, a mais conhecida delas é o Quilombo. Ele representava a não submissão a um sistema instituído que se fundamentava numa sociedade escravista. Tratado como uma mercadoria, e combatido de todas as formas, em todos os níveis de tentativas de readquirir a sua liberdade (MOURA, 1987, pag. 24), eles não viam outra maneira se não de rebelar-se contra a “tirania”. Tanto é que Palmares (o mais famoso dos Quilombos) tornar-se-ia o símbolo do movimento negro.

Outro fator de fundamental importância para esta reflexão são as religiões afro-brasileiras, que foram componentes ativos na formação da identidade deste “povo”, bem como influenciador nas formas de resistência exercidas por eles. Devemos salientar que essas religiões resistiram ao processo da Inquisição, e se construíram num ambiente profundamente discriminatório e hostil a qualquer religião que não seja a oficial (Católica). Um fato que colaborou com a sobrevivência da religião afro foi que num primeiro momento a religião católica não reconhecia o negro como um “integrante do reino de deus”, fazendo com que, os afro-descententes buscassem nas suas raízes africanas as suas crenças. Mas devemos saber que não se formarão religiões fundamentalmente africanas, mas sim religiões afro-brasileiras, devido ao fato de que o contexto era outro, e as respostas as suas necessidades deveriam também ser outras. Um fato curioso de ser lembrado é que o Rio Grande do Sul, que tem a sua imagem vinculada a um estado branco, é onde se encontram os maiores números de “terreiros” do país. Aí podemos ver que a história quando fica vinculada a aspectos políticos e econômicos mostra-se incompleta, e que a cultura revela significados que só ela preserva.

Portanto o meu objetivo neste breve relato foi mostrar que a história dos afro-brasileiros é um exemplo de luta contra a opressão. E se o nosso país não fosse tão discriminatório, poderíamos estar hoje em melhor situação e que se a causa for justa é válido lutar por ela. Digo isso porque eles sempre lutaram sozinhos e nem por isso desistiram, enquanto que todos estavam sendo explorados (brancos, negros, índios, pardos, etc.), a opção foi sempre marginalizar o negro e unir-se ao pensamento dominante, tudo para que se mantivesse as “estruturas opressoras”.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

EDUCAR PARA MUDAR

Pretendo expor algumas considerações sobre as aplicações do conhecimento, bem como os métodos a serem utilizados na prática docente. É importante salientar que não pretendo aqui esgotar este assunto, mas somente fazer algumas colocações que acredito serem essenciais para o nosso compromisso profissional com a educação. É claro que se trata de um breve relato e as colocações serão feitas de maneira resumida, mas que fomentam uma boa reflexão sobre alguns aspectos que devemos compartilhar em nossa prática educativa.

Vivemos numa sociedade extremamente mecanicista, e o currículo escolar não foge a regra e está impregnado da racionalidade cartesiana. Toda esta realidade vivida na educação acabou por fragmentar o conhecimento, dividindo as disciplinas em diferentes áreas tornando-as campos distintos. Um exemplo é o caso da disciplina de História que se viu separada da Filosofia e da Arte, numa busca por uma “cientificidade objetiva”, algo absurdo numa área que trata de relações e processos humanos. Não que os conteúdos tradicionais, como a Matemática ou a Física, não sejam importantes, só que sem o desenvolvimento do espírito, esses conhecimentos tornam-se vazios. O método mecanicista[1] de enxergar o mundo encaixa-se perfeitamente ao pensamento neoliberal vigente na sociedade contemporânea, e para ele vem servindo como suporte formando simplesmente peças de reposição para suprir as necessidades de mercado utilizando-se de uma educação bancária, onde o professor ensina e o aluno aprende.

Escutamos diariamente em noticiários informações detalhadas sobre os aspectos econômicos da nação. Entretanto como anda situação social? Ninguém se importa, o termômetro de uma sociedade é a sua situação econômica, se ela vai bem o país não tem com o que se preocupar. Mas será que este tipo de metodologia responde aos anseios da nossa sociedade atual? Será que devemos cruzar os braços e dizer: “não adianta fazer nada é assim mesmo!”

Estamos passando por uma crise generalizada, que começa pela educação e ultrapassa os limites de minha capacidade de percepção e o principal fomentador desta crise é o Estado, que deixou de ser um representante dos interesses gerais da nação, para tornar-se uma instituição de poder.
É preciso mudar esta situação e a educação tem de encabeçar esta luta, devemos entrar nas salas de aulas conscientes de uma ética que possa proporcionar ao educador e educando um compromisso com a mudança. E um compromisso profissional assumido é primordial para um trabalho construtivo. Para isso podemos seguir alguns métodos interessantes:

PROVOCAR:
· Colocar o pensamento do educando em movimento;
· Propiciar que o aluno pense sobre a questão;
· Propor atividades de conhecimento;
· Provocar situações em que os interesses possam emergir e o aluno possa atuar;


DISPOR OBJETOS/ELEMENTOS/SITUAÇÕES

· Dar condições para que o educando tenha acesso a elementos novos, para possibilitar a elaboração de respostas aos problemas suscitados, superar a contradição entre representação e realidade;
· Dar indicações, oferecer subsídios, dispor de elementos para “combustível” (“arte” do professor: elementos certos, nos momentos certos);

Cabe ao educador fomentar um pensamento crítico e também ser capaz de unir conceitos divergentes e que normalmente são catalogados de maneira fechada, com uma visão limitada, além de ter a capacidade de pensar o contraditório, de analisar, sintetizar, construir e reconstruir. Os conteúdos previstos nos programas curriculares devem ter alguma significação na realidade social do educando e a mediação deve incentivar a construção de um saber relacional, contextual, gerado na interação Professor/Aluno possibilitado que os educandos tenham espaço para dar significado às informações e aos conteúdos trabalhados, e estes precisam estar a serviço do aumento da capacidade de aprendizagem. Além do mais o educador deve ser um investigador perseverante no dia-dia de sua docência, todos os grandes pensadores foram por natureza grandes perguntadores, por isso as crianças aprendem mais rápido (são grandes perguntadores), assim não devemos nos enxergar como seres acabados e sim em uma contínua transformação e aprendizagem.

POR UMA EDUCAÇÃO QUE TRANSFORME

· Existência de um fluxo universal, onde a fragmentação cede espaço para visões totalizantes;
· A dicotomia presente que entendia o homem como um ser dividido em corpo, mente e espírito, sofre uma alteração e aponta para um homem holístico[2] que busca sintonia com o seu entorno, com o cosmos;
· A necessidade de compreensão dos fatos e fenômenos a partir de sua totalidade e de sua complexidade;
· Mundo em holomovimento: como um rio aparentemente sereno na superfície, mas que não cessa um só minuto o seu movimento interno, contínuo, indefinível e imensurável;
· Mudança do conhecimento como blocos fixos e imutáveis para o conhecimento em rede, onde as parcerias se destacam como dispositivos sociais interessantes para a partilha, a socialização de idéias e iniciativas;

Temos que transformar a educação num sistema aberto em movimento incessante, acolhendo novas iniciativas, novos projetos, novas maneiras de se fazer algo que nunca se fez. O homem é provocado nesse contexto de mudanças a construir novas competências, a se utilizar de novas referências ou construir novas aprendizagens para manusear as mesmas ferramentas, de outro jeito, com outras intenções.
Portanto não devemos nos adaptar ao contexto existente temos de nos inserirmos nele, deixando de ser um “objeto” e tornando-se um sujeito da história.

...Gosto de ser gente porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam... (FREIRE, 1996)

Um aspecto que é primordial para uma boa prática educativa é a de que precisamos formar pessoas no seu sentido mais amplo da palavra, e para isso devemos aplicar a teoria a partir da prática cotidiana de cada educando, e ainda que seja importante saber que as teorias não são estáticas, mas sim que estão em uma mudança contínua, como também o está o sujeito.

[1] O mecanicismo é uma caracteristica da Administração Científica onde as organizações eram vistas como um arranjo rígido, construídas a partir de um projeto e montadas como peças mecânicas. A máxima eficiência era procurada através da avaliação pormenorizada do seu funcionamento. O lado humano, as emoções e os relacionamentos foram ignorados. As pessoas eram consideradas preguiçosas e ineficientes e precisavam ser controladas e estimuladas financeiramente para que cumprissem suas obrigações.

[2] Holismo (grego holos, todo) é a idéia de que as propriedades de um sistema, quer se trate de seres humanos ou outros organismos, não podem ser explicadas apenas pela soma de seus componentes

domingo, 9 de novembro de 2008

Detesto fórmula 1, mas sou fã do Hamilton.
O homem mais poderoso do planeta é negro.
Autora: Silvia Martins
Comentário de Juliano Bitencourt
Duas vitórias de uma só Luta
Este breve relato tem como objetivo comentar dois artigos encontrados no site mundonegro.com.br que tratam de fatos que podem ser resumidos numa palavra: mudança.
Foi no dia 02 de novembro de 2008 que pela primeira vez na história um piloto negro torna-se campeão mundial de fórmula 1. Lewis Hamilton fez o que parecia impossível, ser piloto de uma equipe de ponta, e ainda o melhor do mundo num esporte predominantemente praticado por uma elite branca e européia, onde o racismo e a xenofobia se fazem presentes. E este fato pode ser considerado como um marco na história do automobilismo mundial, porque além de ser um “estranho no ninho” ele foi o mais novo piloto da história da formula 1 a conquistar um título mundial.

Três dias após, no dia 05 de novembro de 2008 o mundo viu um negro ser eleito presidente dos Estados Unidos da América um país marcado pelo racismo, basta citar a Ku Klux Klan e a W.A.S.P (White, American, Southen and protestant) em português: branco, americano, sulista e protestante; dois aspectos impregnados na história norte americana. E a esperança de que o Barack Obama também se torne um marco na história é muito grande, e espero que não fique marcado somente como o primeiro presidente negro eleito nos Estados Unidos.

Portanto entendo que estamos vivenciando um período de transição, o que virá após estas mudanças ainda não sei exatamente, porém uma coisa é certa, estes dois acontecimentos mostram que a mudança está acontecendo e em favor daqueles que sempre estiveram excluídos destes acontecimentos, o que é muito bom. E espero eu, que num futuro próximo essas vitórias passem a fazer parte de nosso cotidiano e não mais serão tratadas como uma surpresa ou algo diferente.
HTTP://www.mundonegro.com.br/noticias2?noticiaID=945
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Métodos Globalizados

Metodologia do Ensino

O objetivo deste texto é fazer algumas explanações sobre os “Métodos Globalizados” de ensino, tendo como referência os capítulos IV (Princípios e Fases do enfoque globalizador) e V (Os Métodos Globalizados) do livro Enfoque globalizador e pensamento complexo, uma proposta para o currículo escolar do autor Antoni Zabala. Este breve relato será utilizado também como suporte para um debate proposto pelo professor Hugo Felix da disciplina de Metodologia do Ensino Social e Humano que será realizado em sala de aula.
Entendemos como métodos globalizados, todos os métodos em que as disciplinas não são o objeto de estudo, mas sim, o meio para obter o conhecimento da realidade (ZABALA, 2002) que procura trabalhar com os problemas reais da sociedade permitindo aos alunos uma aprendizagem que servirá como uma experiência concreta para enfrentar os problemas da sua realidade.

A finalidade de um sistema educativo que se utiliza de métodos globalizados é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa, para que ela possa dar respostas aos problemas que a vida em sociedade coloca (ZABALA, 2002), ou seja, os conteúdos devem proporcionar ao aluno uma melhor compreensão da sua realidade, para poder intervir e/ou transformá-la da maneira mais adequada. Como já dizia Paulo Freire: ...devemos primeiro ensinar as pessoas a aprender a ler o mundo em que eles vivem...

É fundamental que o objetos de estudo nas escolas sejam realidades próximas dos alunos, e não teorias que só servem para alienar os alunos, deixá-los dóceis, domesticados e passivos frente as suas realidades sem a capacidade de analisar, questionar e muito menos transformar a sua realidadeAssim concluímos que a função básica do ensino é a de despertar nas crianças as suas capacidades, que possam permitir a eles buscar as respostas para os seus problemas reais, sejam eles, sociais, emocionais ou profissionais. Problemas estes que são complexos em suas realidades e por isso devem ser tratados por pessoas que possam fazer uma leitura crítica dos fatos para posteriormente intervir nesta mesma realidade através de um pensamento crítico, mas também, complexo.

sábado, 8 de novembro de 2008

Independência das elites

Nste breve ensaio falarei do processo que desencadearia na Independência do Brasil, que foi proclamada no dia 7 de setembro de 1822 por D. Pedro I. O breve relato é resultado de leituras dos textos: Da Monarquia a República (pág. 44 a 57); O Império do Brasil (pág. 29 a 63 e 100 a 119); História Concisa do Brasil (pág. 66 a 85); e Chocolate Piratas e outros malandros (pág. 157 a 208). Onde são discutidos os fatores que desencadearam na ruptura com o “Antigo Regime” e também com a Metrópole Portuguesa.

Muitos autores sustentam a versão, de que a vinda da família real portuguesa para o Brasil seria fundamental para que se mantivesse o Brasil unido e monárquico, diferente do que aconteceria com as colônias espanholas na América, que se fragmentaria em várias nações. Podemos até concordar, mas não foi só isso, e sim um processo muito bem estudado pelas elites intelectuais brasileiras que desde o final do século XVIII já discutiam sobre assuntos referentes a uma maior autonomia da colônia frente a sua metrópole. As idéias republicanas já circulavam pelo Brasil, mas era temida por essa mesma elite. Eles não pensavam ainda numa possível ruptura com a metrópole, mas acontecimentos como a Independência dos Estados Unidos e também a Revolução Francesa já circulavam pela colônia, sendo que as idéias americanas eram mais palpáveis por não extinguir a escravidão atraindo os interesses dessa mesma elite. Ou seja, de um jeito ou de outro, a independência do Brasil seria inevitável, e a experiência dos conturbados processos de rupturas, com as suas respectivas metrópoles, acontecidos tanto no Caribe, quanto na América Espanhola levaria o Brasil a buscar a sua relativa tranqüilidade e autonomia na monarquia diferentemente de todas as outras colônias das Américas que optaram pelo sistema republicano. E um acontecimento em especial contribuiria para a consolidação deste propósito, a invasão de Portugal pelas tropas francesas de Napoleão Bonaparte fazendo com que pela primeira vez na história um rei europeu pisasse em solo americano.

Com o objetivo de enfraquecer o poder econômico da Inglaterra, Napoleão Bonaparte, decreta o Bloqueio Continental (1806), estabelecendo aos países aliados a França, uma proibição de comercializar qualquer produto com os ingleses. Portugal, tradicional aliado da Inglaterra, viu-se ameaçado pela França napoleônica em aceitar o Bloqueio. O príncipe regente D. João (e a rainha D. Maria, que estava louca, diga-se de passagem), tentou negociar com os franceses e ao mesmo tempo com os ingleses, para evitar uma possível invasão das tropas de Napoleão.
No dia 30 de novembro de 1807, o exercito francês invade Portugal, obrigando a família real portuguesa e cerca de 10 a 15 mil membros da aristocracia (vejam bem “aristocracia”), a fugirem para o Brasil e instalarem a corte portuguesa no Rio de Janeiro. A fuga se realizou com apoio das embarcações da marinha inglesa entre os dias 25 e 27 de novembro de 1807. Através desse apoio, a Inglaterra exigiu de D. João, medidas econômicas mais liberalizantes, pondo fim ao antigo monopólio comercial, que os comerciantes portugueses detinham até então. A intenção inglesa é de conquistar novos mercados consumidores, já que o mercado europeu estava fechado pelo bloqueio da França.
Com o estabelecimento da família real no Rio de Janeiro passou-se a adotar medidas para tornar a cidade uma imagem de Lisboa. As obras se espalhavam-se pela cidade e novas habitações, com dois ou três dormitórios, passaram a fazer parte da paisagem. E os problemas referentes à saúde pública passaram a ser resolvidos com as vacinas.

Além dessas mudanças viriam de Portugal para o Brasil junto com D. João, o Tesouro Real; os arquivos do governo; uma máquina impressora e acervos de várias bibliotecas que seriam a base da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

A missão agora era “organizar” o Brasil, e foi criado para isso o Conselho Supremo Militar e o arquivo militar; o Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens. Junto a isso surgiriam outras instituições como a Escola da Marinha, a Escola de Artilharia, o Jardim Botânico, a Fábrica de Pólvora e o Hospital do Exército entre outros que mudariam radicalmente o cotidiano do Rio de Janeiro, gerando uma nova leva de empregos e proporcionando maiores oportunidades aos brasileiros, em geral para os que faziam parte da elite, claro, que devido as suas riquezas poderiam enviar seus filhos para estudar na Europa, fato que aconteceu com a sociedade de Minas Gerais.

Entre os acontecimentos que mudariam a situação da colônia podemos citar as mudanças políticas e econômicas, tomadas após a chegada de D. João, como a abertura dos portos brasileiros as Nações Amigas (Inglaterra), que colocava as suas mercadorias no Brasil com taxas alfandegárias mais baixas que as do próprio Portugal, sendo que, além disso, os produtos ingleses eram superiores aos de Portugal em qualidade e com um preço mais baixo, esta foi uma condição imposta pela Inglaterra no Tratado de Comércio e Navegação de 1808. Outro tratado, o de Aliança e Amizade, previa a recuperação de territórios perdidos durante as guerras européias e gradual extinção da escravidão (que seria o futuro ponto de atrito entre colonos brasileiros e a Inglaterra).

Algumas medidas refletiriam na abolição da proibição das atividades industriais no Brasil, ou seja, o Brasil poderia agora desfazer o ultimo laço com o ultrapassado pensamento mercantil, e também com o Pacto Colonial. Dando início ao surgimento das fábricas de tecidos (1810), as indústrias extrativas minerais, ourives, a extração de diamantes e a siderurgia, além de criar o Banco do Brasil (1808).

D. João também iniciou o processo de expansão territorial em duas frentes. Uma na Guiana (1809) e outra na Cisplatina (1811).

Na Guiana prevaleceu a questão de guerra a França atual “possuidora” do território. A invasão foi concretizada por tropas “anglo-lusitanas no dia 14 de janeiro de 1809 e o território passou a ser governado por uma junta militar, mas subordinada ao Capitão-Geral do Grão-Pará e Rio Negro.

Entretanto à queda de Napoleão na Europa e o Tratado de Paris (1814) determinava a devolução do território.

No sul do país antigos interesses no comércio do prata (e da prata) e a atual conjuntura européia, levaram D. João a buscar o domínio deste território, que também estava nos planos da Inglaterra.

Mas o que devemos saber é que todas essas medidas, tomadas por D. João, foram decididas em território brasileiro, fazendo com que o Brasil alcançasse a condição de metrópole em relação a Portugal, gerando o descontentamento geral dos Portugueses, que possivelmente desencadearia na Revolução do Porto (1820)em Portugal, que se idealizava como liberal colocando-se contra o absolutismo real e fundamentado na ilustração (Iluminismo). Mas era ao mesmo tempo conservadora na questão de suas colônias, nas quais determinavam que devessem recolonizá-las.
As principais Exigências dos “Revolucionários” era.

· Recuperação dos antigos privilégios coloniais;
· Volta da Família Real para Lisboa;
· Criação de uma monarquia constitucional;
· Visavam recolonizar o Brasil;

Com a Revolução, Portugal passou a ser dirigido pelas cortes de Lisboa, e em 1821, D. João VI retorna a Lisboa, deixando seu filho D. Pedro, como Príncipe Regente no Brasil.
Para a maioria dos brasileiros, estes acontecimentos em Portugal, não seriam absorvidos, e para a minoria que compreendia perfeitamente o que estava ocorrendo, tinham perfeitamente a noção dos problemas que seriam criados caso os portugueses retomassem o projeto de manter o Brasil submisso as suas vontades, e toda autonomia conquistada no período "Joanino" iria por água abaixo.

A partir da tomada do poder político português pelas cortes de Lisboa, o Brasil vai sofrer várias perdas, tanto no campo econômico como no político. As cortes desligaram os governos provinciais e do governo do Rio; suprimiram os tribunais instituídos no Brasil por D. João e ordenaram a D. Pedro que entregasse o governo a uma junta, submissa a Lisboa, e regressasse a Portugal.

As elites brasileiras estavam ameaçadas pela recolonização do Brasil, e viu no Príncipe Regente a única maneira de manter a “liberdade na colônia”(deles né). E no dia 9 de janeiro de 1822 D. Pedro I resolve ficar no Brasil (Dia do Fico), apoiado, claro, pelas elites brasileiras. D. Pedro convocou uma Assembléia Constituinte composta por dois grupos: os conservadores liderados por José B. de Andrada e Silva e os liberais liderados por Gonçalves Ledo, que unidos formariam o “Partido Brasileiro” e lutariam contra o colonialismo português. E a independência do Brasil pode ser considerada como um movimento articulado entre a classe dominante brasileira, a Maçonaria e a realeza.

Porém é importante comentar que durante todos estes acontecimentos a idéia de uma fusão entre os dois reinos era a idéia mais provável entre os brasileiros, mas os portugueses foram irredutíveis e a independência se tornaria a única solução. E aconteceu de maneira não muito comum, mas também não foi “um mar de rosas” como muitos autores comentam, pois ocorreram resistências como a da Bahia e no Sul do território. Porém foi um processo rápido e muito bem pensado, pois se manteve as estruturas.

A independência do Brasil não modificou em quase nada as condições sócio-econômicas do povo. Sua estrutura econômica de produção, que tinha como base a monocultura agro-exportadora movida pelo trabalho escravo, foi plenamente preservada. Com isso, manten-se os privilégios dos latifundiários, que, com a emancipação política, almejam subir ao poder.

O período do primeiro reinado caracterizou-se por uma luta interna, entre grupos políticos ligados aos interesses de Portugal (Partido Português) e grupos políticos ligados aos interesses da elite nacional (Partido Brasileiro).

No âmbito internacional, o Brasil necessitava ser reconhecido como nação independente de Portugal e o primeiro país a reconhecer o Brasil foi os Estados Unidos em 1824, obedecendo aos princípios fundamentais da “Doutrina Monroe” (1823):
· A América não pode ser mais objeto de colonização estrangeira;
· Não é admissível a ingerência de nenhum país europeu nos negócios internos de qualquer país americano;
· Os Estado Unidos não intervirão de modo algum em negócios da Europa;

Mas o que faltava ao novo país, era o reconhecimento oficial por parte da ex-metrópole (Portugal) como também, era muito importante o reconhecimento da Inglaterra.

Para isso o Brasil teve de ceder em alguns pontos: a declaração constante do tratado de que o a independência do Brasil fora outorgada pela “livre e espontânea” vontade do soberano português e o acordo sobre compensações financeiras à metrópole de dois milhões de Libras esterlinas alem de que o Brasil não se ligaria a outras possessões portuguesas. E em 1825, era assinado o Tratado de Paz e Amizade entre Brasil e Portugal, bem como, em troca da intermediação inglesa, o Brasil assinou com os ingleses um Tratado de Renovação e Revisão dos Tratados de 1810 e uma convenção que estipulava o ano de 1831 para a extinção do tráfico de escravos.

Foi então declarada a Constituição Política do Império do Brasil (1824). Uma constituição imposta de cima para baixo, governado por uma monarquia hereditária, constitucional e representativa e ficou decidido que o Brasil seria um Estado Unitário (dividido em províncias).
Em 1826 morria em Portugal D. João VI, e o herdeiro natural ao trono seria D. Pedro, agora era uma decisão, ou assume o trono português ou permanece no Brasil. A dúvida do imperador alarmou os brasileiros, pois caso ele assumisse o trono português, abria-se novamente a possibilidade de recolonização. D. Pedro acabou por abdicar da coroa portuguesa em favor de sua filha Maria da Glória, de sete anos. Seu irmão, D. Miguel, que reivindicava o trono para si, deu um golpe que resultou em uma guerra civil e D. Pedro passou a usar verbas brasileiras para manter a sua filha no trono. O Brasil que já passava por dificuldades econômicas, era obrigado a enviar fundos para uma luta travada na antiga metrópole e os jornais de oposição existentes criticavam veementemente a atitude do imperador.

A fim de aliviar as tensões, o imperador resolve ir pessoalmente aos lugares agitados politicamente, como é o caso de Minas Gerais, onde D. Pedro é recebido com indiferença. Irritado o imperador volta para o Rio de Janeiro, onde seus colaboradores (na maioria portugueses) organizavam uma festa para levantar a moral do imperador, mas os brasileiros a fim de impedir a festa e indignados com os acontecimentos, entraram em luta contra os portugueses. (13/03/1831 a Noite das Garrafadas).

Visando evitar maiores problemas entre portugueses e brasileiros, D. Pedro nomeia no dia 20 de março de 1831, um gabinete brasileiro, a fim de apaziguar a luta. Como os distúrbios continuavam e o ministério nada fazia, o imperador demite este gabinete no dia 5 de abril de 1831, substituindo-o por um gabinete composto por portugueses (Ministério dos Marqueses), e a pressão foi tão grande, que D. Pedro se viu obrigado a abdicar do trono no dia 7 de abril de 1831.