terça-feira, 27 de outubro de 2009

PARADIGMAS DA CIÊNCIA A PARTIR DO SÉCULO XV


Juliano Bitencourt
Este breve relato visa trazer algumas colocações paradigmáticas que permearam o mundo científico desde o século XV. Claro que não é possível colocar neste pequeno texto todos os fatos e acontecimentos, pois isso necessitaria de uma pesquisa mais aprofundada, porém me proponho a apenas levantar alguns aspectos que trazem uma visão mais global sobre o tema.

RENASCIMENTO

O século xv foi marcado por drásticas transformações históricas, que praticamente dissolveram as condições de existência do Feudalismo. Iniciou-se a partir de então um movimento cujo objetivo era atualizar, dinamizar e revitalizar os estudos tradicionais, baseado no programa dos studia humanitatis (estudos humanos). Pretendiam uma reforma educacional, baseada nos estudos humanísticos, inspiradas na cultura “pagã”, anterior ao advento do cristianismo.

Antropocentrismo

Do Grego Anthropos ( humano) e Kentron (centro). É uma concepção de que o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.


Teocentrismo

Do Grego theos (Deus) e kentron ( centro). Concepção de que Deus é o centro do Universo
Por um pensamento crítico
A atividade crítica, voltada para a percepção da mudança, para a transformação dos costumes, das línguas e das civilizações. Os humanistas voltavam-se para o aqui e o agora, para o mundo concreto dos seres humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um contr

ole maior sobre o próprio destino. Assim valorizavam o que de divino havia em cada homem, induzindo-o a expandir suas forças, a criar e a produzir, agindo sobre o mundo para transformá-lo de acordo com sua vontade e seu interesse.

MECANICISMO SÉC. XVII

Sobre a idéia de mundo, o mecanismo enxergava a natureza como um organismo cujo o funcionamento se regia por leis precisas e rigorosas. (BIEHL, 2008). Surgiu como modelo, da qual a ciência e a filosofia modernas são, a um só tempo, raiz e fruto. Transformou o homem de expectador em proprietário e senhor da natureza, ou seja, era agora “Um mundo do qual os céus não proclamavam a glória de Deus” (KOYRÉ, 2006) e apresentava uma concepção dinâmica do Universo e não estática como pensavam os antigos.

RENÉ DESCARTES (O primeiro pensador "moderno”)

Declarava-se em Discurso sobre o Método, decepcionado com o ensino que lhe foi ministrado. Para ele só as matemáticas demonstram o que afirmam. As matemáticas agradavam-me, sobretudo por causa da certeza e da evidência de seus raciocínios. (DESCARTES, 2007). Foi o idealizador da divisão das ciências em Humanas e Exatas.

ISAAC NEWTON

Foi o responsável pela grande síntese mecanicista em seu livro Princípios Matemática de Filosofia da Natureza, considerado uma espécie de Bíblia da ciência moderna. Unificou as anteriores descobertas sob uma única teoria que servia de explicação a todos os fenômenos físicos, quer ocorressem na terra ou nos céus. O universo era, portanto, um conjunto de corpos ligados entre si e regidos por leis rígidas.

O PARADIGMA NEWTONIANO-CARTESIANO

— Entende-se como paradigma newtoniano-cartesiano por que suas linhas mestras foram concebidas e, em sua maior parte, consolidadas pelos trabalhos do filósofo e matemático francês René Descartes e pelo físico, astrônomo, místico e matemático inglês Sir Isaac Newton;
— Esse paradigma se caracteriza por idealizar uma visão de mundo mecânica composta por “peças” menores que se conectam de modo preciso;
— Levando a uma extrema fragmentação das especializações, a coisificação da natureza, a ênfase no racionalismo e na fria objetividade e a desvinculação dos valores humanos;
— E como a ênfase está apenas no que é racional, temos uma visão unilateral de mundo, hipertrofiada, puramente intelectual, pela qual sentimentos e valores são menosprezados ou ignorados.



As origens do pensamento holístico

— As origens do pensamento holístico, enquanto pensamento filosófico pode situar-se ainda na Antiguidade, com os pré-socráticos, especialmente com Heráclito;
— É a busca de uma visão de conjunto, uma visão do Todo, que se dá o nome de holismo;
— Enquanto o mecanicismo científico vê o Universo como uma imensa máquina determinística, o holismo, sem negar as características “mecânicas” que se apresentam na natureza, percebe o Universo mais como uma rede de inter-relações dinâmicas, orgânica.;
— De maneira mais simples, podemos dizer que as peças de um quebra-cabeça, quando separadas, nos dizem muito pouco ou nada do que seja o quebra-cabeça. Somente quando vemos as peças em seu conjunto é que podemos compreender a mensagem do quebra-cabeça

DUAS VISÕES DE MUNDO

— A distinção fundamental entre uma visão reducionista e uma outra de conjunto, é representada por duas abordagens paradigmáticas amplamente distintas: a abordagem mecanicista e a abordagem holística;
— A ênfase e a característica da ciência acadêmica oficial, nos últimos três séculos e meio, tem sido mecanicista;
— Têm como único processo válido de pesquisa científica o da dissecação de um problema, separando seus componentes, para o resolver;
— Se pegarmos o exemplo do quebra-cabeças, podemos chegar à conclusão de que existem problemas que só se solucionam quando temos uma visão de conjunto;
— Ou mesmo se pensarmos que o Hidrogênio e o Oxigênio são gases muito utilizados na combustão, quando unidos possuem uma nova característica bem própria que nos permite usá-los para o combate ao fogo, ao formarem a água;
— O nosso mundo está cheio de coisas que não são nem misteriosas nem fantasmagóricas, mas nem tão pouco são constituídas de tijolinhos atômicos;

A TERRA VIVA

Divulgadores de um novo olhar
Heins von Foerster, nos EUA, que montou um grupo de pesquisa multidisciplinar;
Humberto Maturana, no Chile, que se debruçou sobre as características fundamentais dos seres vivos;
Na sociologia com Michel Maffesoli, sociólogo, professor na Sorbonne – Paris;


BIBLIOGRAFIA
BIEHL, Luciano Volcanoglo. A ciência ontem, hoje e sempre. 2ª edição. Canoas: ED. ULBRA, 2008.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2007.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. 4ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.