terça-feira, 27 de outubro de 2009

PARADIGMAS DA CIÊNCIA A PARTIR DO SÉCULO XV


Juliano Bitencourt
Este breve relato visa trazer algumas colocações paradigmáticas que permearam o mundo científico desde o século XV. Claro que não é possível colocar neste pequeno texto todos os fatos e acontecimentos, pois isso necessitaria de uma pesquisa mais aprofundada, porém me proponho a apenas levantar alguns aspectos que trazem uma visão mais global sobre o tema.

RENASCIMENTO

O século xv foi marcado por drásticas transformações históricas, que praticamente dissolveram as condições de existência do Feudalismo. Iniciou-se a partir de então um movimento cujo objetivo era atualizar, dinamizar e revitalizar os estudos tradicionais, baseado no programa dos studia humanitatis (estudos humanos). Pretendiam uma reforma educacional, baseada nos estudos humanísticos, inspiradas na cultura “pagã”, anterior ao advento do cristianismo.

Antropocentrismo

Do Grego Anthropos ( humano) e Kentron (centro). É uma concepção de que o universo deve ser avaliado de acordo com a sua relação com o homem.


Teocentrismo

Do Grego theos (Deus) e kentron ( centro). Concepção de que Deus é o centro do Universo
Por um pensamento crítico
A atividade crítica, voltada para a percepção da mudança, para a transformação dos costumes, das línguas e das civilizações. Os humanistas voltavam-se para o aqui e o agora, para o mundo concreto dos seres humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um contr

ole maior sobre o próprio destino. Assim valorizavam o que de divino havia em cada homem, induzindo-o a expandir suas forças, a criar e a produzir, agindo sobre o mundo para transformá-lo de acordo com sua vontade e seu interesse.

MECANICISMO SÉC. XVII

Sobre a idéia de mundo, o mecanismo enxergava a natureza como um organismo cujo o funcionamento se regia por leis precisas e rigorosas. (BIEHL, 2008). Surgiu como modelo, da qual a ciência e a filosofia modernas são, a um só tempo, raiz e fruto. Transformou o homem de expectador em proprietário e senhor da natureza, ou seja, era agora “Um mundo do qual os céus não proclamavam a glória de Deus” (KOYRÉ, 2006) e apresentava uma concepção dinâmica do Universo e não estática como pensavam os antigos.

RENÉ DESCARTES (O primeiro pensador "moderno”)

Declarava-se em Discurso sobre o Método, decepcionado com o ensino que lhe foi ministrado. Para ele só as matemáticas demonstram o que afirmam. As matemáticas agradavam-me, sobretudo por causa da certeza e da evidência de seus raciocínios. (DESCARTES, 2007). Foi o idealizador da divisão das ciências em Humanas e Exatas.

ISAAC NEWTON

Foi o responsável pela grande síntese mecanicista em seu livro Princípios Matemática de Filosofia da Natureza, considerado uma espécie de Bíblia da ciência moderna. Unificou as anteriores descobertas sob uma única teoria que servia de explicação a todos os fenômenos físicos, quer ocorressem na terra ou nos céus. O universo era, portanto, um conjunto de corpos ligados entre si e regidos por leis rígidas.

O PARADIGMA NEWTONIANO-CARTESIANO

— Entende-se como paradigma newtoniano-cartesiano por que suas linhas mestras foram concebidas e, em sua maior parte, consolidadas pelos trabalhos do filósofo e matemático francês René Descartes e pelo físico, astrônomo, místico e matemático inglês Sir Isaac Newton;
— Esse paradigma se caracteriza por idealizar uma visão de mundo mecânica composta por “peças” menores que se conectam de modo preciso;
— Levando a uma extrema fragmentação das especializações, a coisificação da natureza, a ênfase no racionalismo e na fria objetividade e a desvinculação dos valores humanos;
— E como a ênfase está apenas no que é racional, temos uma visão unilateral de mundo, hipertrofiada, puramente intelectual, pela qual sentimentos e valores são menosprezados ou ignorados.



As origens do pensamento holístico

— As origens do pensamento holístico, enquanto pensamento filosófico pode situar-se ainda na Antiguidade, com os pré-socráticos, especialmente com Heráclito;
— É a busca de uma visão de conjunto, uma visão do Todo, que se dá o nome de holismo;
— Enquanto o mecanicismo científico vê o Universo como uma imensa máquina determinística, o holismo, sem negar as características “mecânicas” que se apresentam na natureza, percebe o Universo mais como uma rede de inter-relações dinâmicas, orgânica.;
— De maneira mais simples, podemos dizer que as peças de um quebra-cabeça, quando separadas, nos dizem muito pouco ou nada do que seja o quebra-cabeça. Somente quando vemos as peças em seu conjunto é que podemos compreender a mensagem do quebra-cabeça

DUAS VISÕES DE MUNDO

— A distinção fundamental entre uma visão reducionista e uma outra de conjunto, é representada por duas abordagens paradigmáticas amplamente distintas: a abordagem mecanicista e a abordagem holística;
— A ênfase e a característica da ciência acadêmica oficial, nos últimos três séculos e meio, tem sido mecanicista;
— Têm como único processo válido de pesquisa científica o da dissecação de um problema, separando seus componentes, para o resolver;
— Se pegarmos o exemplo do quebra-cabeças, podemos chegar à conclusão de que existem problemas que só se solucionam quando temos uma visão de conjunto;
— Ou mesmo se pensarmos que o Hidrogênio e o Oxigênio são gases muito utilizados na combustão, quando unidos possuem uma nova característica bem própria que nos permite usá-los para o combate ao fogo, ao formarem a água;
— O nosso mundo está cheio de coisas que não são nem misteriosas nem fantasmagóricas, mas nem tão pouco são constituídas de tijolinhos atômicos;

A TERRA VIVA

Divulgadores de um novo olhar
Heins von Foerster, nos EUA, que montou um grupo de pesquisa multidisciplinar;
Humberto Maturana, no Chile, que se debruçou sobre as características fundamentais dos seres vivos;
Na sociologia com Michel Maffesoli, sociólogo, professor na Sorbonne – Paris;


BIBLIOGRAFIA
BIEHL, Luciano Volcanoglo. A ciência ontem, hoje e sempre. 2ª edição. Canoas: ED. ULBRA, 2008.
DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2007.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. 4ª edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A Guerra dos Farrapos

A Revolução Farroupilha, foi uma guerra civil que se iniciou no ano de 1835, prolongando-se durante dez anos (a mais longa guerra civil da História brasileira). Ela foi, e ainda é, motivo de muito orgulho para os rio-grandenses, pois ela veio desempenhar um papel decisivo para a composição da auto-imagem sulina (PESAVENTO, 2003). Alguns símbolos de nosso estado como, a bandeira, o escudo e o hino rio-grandense, foram todos criados durante a revolução. Além da imagem do gaúcho como Centauro dos Pampas, montado em seu cavalo e sua veste campeira, também serem fruto da Guerra dos Farrapos. Um visitante que percorre o estado do Rio Grande do Sul em nossos dias observa por toda parte a forte presença de uma herança histórica do conflito. Temos a Rádio Farroupilha, o Parque Farroupilha, o Conjunto Farroupilha e o Clube Farroupilha. Sem contar as inúmeras ruas e cidades que levam nomes dos principais atores desta revolução. Devido a esses fatos podemos trabalhar a idéia de que a Revolução Farroupilha foi um marco na consolidação da identidade rio-grandense.

Antecedentes

O confronto entre farrapos e imperiais provocou a separação e independência de parte do Rio Grande do Sul, em 1836, na proclamação da República Rio-grandense. Entretanto é importante ressaltar que a Revolução Farroupilha não provocou nenhuma mudança na estrutura das relações econômicas e sociais existentes desde o período colonial, e que no território rio-grandense coexistiam dois governos. O Provincial Imperial e, o da República Rio-grandense. A frente da revolta armada estava à elite rio-grandense formada pelos proprietários de terras e de gado, os chamados estancieiros, alguns militares, charqueadores, comerciantes e alguns membros do clero que romperam com a Igreja do Rio de Janeiro (PADOIN, 2006). E as reivindicações básicas dos farroupilhas eram: a escolha do presidente da província (até então sempre nomeado pelo Governo Imperial, sediado no Rio de Janeiro), que os impostos arrecadados dentro da própria província nela permanecessem e maior autonomia para os municípios.
Por parte dos charqueadores (não todos) do sul do estado o descontentamento estava ligado primeiro, a perda da região do Uruguai com o final da Guerra Cisplatina, pois o gado uruguaio era muito importante para a produção do charque. O segundo aspecto era o alto preço do sal importado da região de Cadiz, na Espanha (principal insumo para a produção do charque), que encarecia o produto gaúcho. Enquanto que o governo do Uruguai isentava as taxas de importação do sal devido ao fato de o charque ser o principal produto de exportação do país. E no Brasil, o charque produzido no Rio Grande do Sul, era destinado ao mercado interno fazendo com que o Governo Central procurasse meios de manter o produto a um preço baixo para beneficiar os compradores do norte e nordeste, esses sim ligados à uma economia agro-exportadora, geralmente produtores de açúcar, que utilizavam o charque como alimento para sua mão de obra escrava (FAUSTO, 2006). Com isso, o charque Uruguaio chegava a várias regiões do Brasil, como o nordeste, a preços mais baixos do que o gaúcho, e por isso os produtores brasileiros começaram a reclamar dos impostos e da falta de apoio do Governo Imperial à principal atividade econômica da Província. Esse descontentamento foi se agravando às vésperas da Revolução Farroupilha e acabou se transformando numa das motivações de revolta dos rio-grandenses.
Outro fator influenciador deste embate pode ser explicado pelo caráter fronteiriço de nosso estado, que sofre forte influencia das Províncias do Prata (Argentina e Uruguai), que viviam naquele momento o processo de emancipação política sob a forma republicana, das antigas Províncias do Vice-Reino do Prata. E esses ideais republicanos teriam penetrado no ambiente rio-grandense, fazendo com que a Revolução Farroupilha fosse mais uma variável desse processo de luta contra o projeto centralizador do sudeste brasileiro (PADOIN, 2006). Como os “Hermanos”, os farroupilhas queriam a formação de uma república, ou seja, queriam a independência política frente ao império brasileiro, porque o significado da palavra república estava bem claro na cabeça da elite revolucionária, vem da frase em latim res publica, que pode ser governo livre, governo popular e coisa pública ou coisa do povo. E no espaço farroupilha vinculado à existência de uma coletividade política, contrário a monarquia. O sistema republicano, como forma de governo, foi presença constante nos discursos dos liberais farroupilhas, juntamente com os termos da pátria liberdade e independência (PADOIN, 2006).
É importante também lembrar que nem todo o rio-grandense foi farroupilha, como nem todo farroupilha foi republicano e separatista. Havia dois grupos políticos entre as elites farroupilhas, o “Grupo da Maioria” liderado por Bento Gonçalves e Mariano de Matos, que defendia a organização de um estado independente e republicano. Fundamentados no liberalismo e no direito das gentes, aprendidas e divulgadas através de jornais, sociedades literárias e secretas (Maçonaria).
A outra parte era chamada de “Grupo da Minoria”, representado por David Canabarro e Vicente da Fontoura, que estiveram no comando da revolução, a partir de 1843. Eram reformistas, pois também defendiam um projeto federalista, porém moderado, e não republicano, e sem expressar a idéia de separação com o resto do Brasil, apenas reivindicava uma descentralização administrativa.

Começa a guerra

E mesmo a par de todas as exigências dos farroupilhas o Governo Imperial nomeou em 1934, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, político ligado aos interesses do governo central, e em setembro de 1835, o objetivo imediato do movimento farroupilha era depor o presidente da província. E no dia vinte do mesmo mês, começava a Revolução Farroupilha, com as tropas revolucionárias entrando em Porto Alegre, enquanto que, Braga, fugia deixando a capital nas mãos dos farroupilhas. No dia 11 de setembro de 1836, após a Batalha de Seival, fora proclamada a República Rio-grandense, com a sua capital situada em Piratini, pois, nesse meio tempo Porto Alegre tinha sido retomado pelas forças imperiais. Muitos historiadores defendem a tese de que a idéia de separação foi tomada pelo entusiasmo da vitória em Seival, no entanto novos estudos revelam que o projeto separatista já fazia parte dos meios revolucionários farroupilhas como prova o Manifesto de Bento Gonçalves e José Domingos de Almeida de 28 de agosto de 1838: “Desligado o povo rio-grandense da comunhão brasileira, reassume todos os direitos da primitiva liberdade; usa destes direitos imprescritíveis constituindo-se república independente”. Essa afirmação era complementada com a seguinte: “O ato de separação e desmembramento não foi obra da precipitação irrefletida”. (PADOIN, 2006)

A expanção

Dessa forma, o estado que se pré-configurou como a República Rio-grandense adquiria um sentido de “missão salvadora”, de modelo a ser seguido e adotado através da união por laços federalistas. Isso mais o importante fato de que os farroupilhas necessitavam de um porto para escoar as suas mercadorias, pois o porto de Rio Grande estava nas mãos dos imperiais, fez com que em 1839, as tropas farroupilhas liderados por David Canabarro e Giuseppe Garibaldi fundassem em Laguna, Santa Catarina, a República Juliana, confederada à República Rio-grandense. Mas pouco tempo depois ela foi retomada pelos imperiais.

“A paz do ponche verde”

A Guerra dos Farrapos só foi chegar ao fim quando em 1845 o Barão de Caxias propôs, em nome do governo central, uma “paz honrosa” aos revolucionários. Uma perda honrosa poderia até servir de consolo no sentido da valorização da honra até o amargo fim. Porém o fim do conflito não poderia ser mais melancólico ( WEIMER, 2006). Ele acabou quando Caxias, representante do imperador, convocou os comandantes rebeldes para assinar um tratado de pacificação à chamada “Paz do Ponche Verde”, que foi conseguida a base de indenizações pagas aos farroupilhas. Além de os principais líderes da revolução ser anistiada, a Assembléia Provincial foi fortalecida, os impostos foram diminuídos, os oficiais farroupilhas foram incorporados ao exército do império e as propriedades confiscadas ou ocupadas durante a guerra foram devolvidas. Devido aos fatos aqui relatados a conclusão é de que a elite farroupilha foi comprada pelo governo central.
Por tudo isso a Guerra dos farrapos pode ser considerada um fato único na História do país, e de qualquer modo, tratou-se de um movimento contestador, porém ligados aos interesses de uma elite estancieira, não possuindo então um caráter popular.


Bibliografia
FAUSTO, Boris. História concisa do Brasil. 2ªed. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. Nação e região: diálogos do “mesmo” e do “outro”. In: História Cultural: experiências de pesquisa. Sandra Jatahy Pesavento (org.). Porto Alegre: editora da UFRGS, 2003.
PADOIN, Maria Medianeira. A Revolução Farroupilha. In: Império, coordenação geral Nelson Boeira, Tau Golin. Passo Fundo: Méritos, 2006.
WEIMER, Günter. O período Farroupilha. In: Império, coordenação geral Nelson Boeira, Tau Golin. Passo Fundo: Méritos, 2006.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Revoulução das 13 colônias

”Retrospecto da Revolução Norte-Americana”

Como forma de nos situarmos no tempo podemos marcar o início da Revolução Norte-Americana no ano de 1775 na Batalha de Lexington, ou 1776 com a Declaração da Independência, mas é difícil que se ache uma data que determine o seu fim. A Revolução Norte-Americana não pode ser reduzida a acontecimentos distintos como: a Guerra de Independência, ou a criação de uma Constituição Nacional, mas podemos afirmar que esses processos se desencadearam dentro da própria revolução. As mudanças políticas e sociais nas 13 colônias geradas pela revolução mostrariam para o mundo um novo método de se governar e organizar-se politicamente. E posteriormente seus ideais libertários baseados na Filosofia Iluminista, seriam utilizados na Revolução Francesa e no processo de libertação das colônias Ibéricas. Porém devemos considerar o fato, de que a Revolução Norte-Americana, trouxe a liberdade a América do Norte, mas não podemos esquecer que a revolução não atingiria a todos os Norte-Americanos.
“A perspectiva Britânica”
O ato de os colonos se armarem para enfrentar o “Seu Rei”, que fazia parte de uma monarquia-hereditária inglesa, que até aquele momento foi o único movimento contra uma metrópole na história moderna pode ter deixado os Britânicos surpresos. Eles não conseguiam entender o porquê de tanta revolta? Pois, para os ingleses as leis eram um direito da metrópole, enquanto cabia a colônia aceita-los sem questionamentos. Na visão da metrópole (Inglaterra) os Norte-Americanos eram sonegadores pelo fato de se negarem a pagar impostos pelos quais eles não tiveram participação política na criação dos mesmos, visto que os impostos aprovados pelo Parlamento Inglês e aplicados nas colônias, já faziam parte do cotidiano inglês sem contestação alguma. Dentre outros motivos, que levariam a Inglaterra a aplicar novos impostos aos colonos é que os Britânicos saíram abalados financeiramente da Guerra dos sete anos contra a França, e ainda a mesma guerra mostraria aos Britânicos a necessidade de se manter um exercito permanente em suas colônias para protegê-las contra invasões externas, e também para reprimir rebeliões internas. E que o dinheiro arrecadado seria utilizado para a manutenção deste exército.
Em razão disso podemos considerar que os ingleses tinham argumentos para defender a sua posição contra os revoltosos Norte-Americanos. Mesmo assim os colonos não aceitaram os argumentos dos Britânicos sonegando ou ignorando todas as leis criadas pelos ingleses uma após a outra, tendo como argumento de defesa que uma lei que foi criada sem a aprovação dos colonos, que reivindicavam uma cadeira no Parlamento Inglês, o que para os ingleses era inaceitável.
E devido ao fracasso de suas ações a Inglaterra se volta militarmente contra as 13 colônias Norte-Americanas. Mas o desconhecimento da política interna dos Norte-Americanos levou a Inglaterra a subestimar o poder de mobilização das colônias.
“A perspectiva Norte-Americana”
Para entendermos a visão dos Norte-Americanos no seu movimento de independência, é preciso que se entenda o seu processo de colonização. É consenso entre a maioria dos historiadores que as 13 colônias gozavam de certa liberdade política, econômica e ideológica durante a sua colonização e que a Inglaterra não teria ainda interesse por elas. E estava mais preocupada com os seus problemas. Com isso formou-se 13 colônias, praticamente autônomas, fortalecidas pelo livre comercio entre elas e inclusive exportações, diferente do que aconteceu nas Colônias Ibéricas.
Somente após a vitória da Inglaterra na Guerra dos sete anos (1756-1763) é que os britânicos voltam as suas ações para as colônias. Mas porque só após tanto tempo os ingleses decidiram reivindicar o seu direito de metrópole sobre as suas colônias Norte-Americanas? Impondo a eles uma série de impostos e aumentando a repressão sobre as práticas de contrabando, que acabou por gerar um descontentamento geral entre os colonos? Porque a Inglaterra ganhara a guerra dos sete anos e como prêmio recebera a notícia de uma economia abalada.
Porém os Norte-Americanos foram buscar nos ideais Iluministas do velho mundo e na Constituição da Inglaterra (“nenhuma lei, da qual eles não tiverem participação na sua criação e aprovação, tem validade jurídica”) ferramentas para alimentar a sua revolução e combater a “tirania britânica”. Claro que devemos saber que não era toda a nação que tinha o conhecimento destas idéias, somente os membros de uma classe privilegiada teria o domínio das Filosofias Iluministas, e que em certos momentos houve que achasse perigoso “armar” o povo com estas filosofias, pois poderiam prejudicá-los num momento futuro. Porém os Norte-Americanos não tiveram escolha, pois estava em jogo a sua liberdade.
Assim os ideais Iluministas seriam espalhados pelas 13 colônias por meio de panfletagem, e o mais famoso deles seria o “Senso Comum” de Thomas Paine, que defendiam o “respeito aos direitos naturais do ser humano”, “a inviolabilidade do contrato social” e o “direito de rebelião contra a tirania”.
É importante sabermos que não fica claro se os N. Americanos teriam como meta a ruptura com a metrópole, acho mais palpável acreditar que os colonos apenas não estavam contentes com as atitudes do Parlamento e da Coroa Britânica, que eram considerados pelos colonos como de tirania. Os colonos enxergavam o Parlamento e a Coroa como corruptos e direcionados a escravizá-los. Os N. Americanos naquele momento não se enxergavam como colonos, mas sim como ingleses e súditos do rei.
Outro fator que cabe ressaltar é de que os N. Americanos mantinham em suas colônias um número considerável de escravos. Esta relação com seus escravos acabariam por amedrontar ainda mais os colonos N. Americanos que se viam como fortes candidatos a serem reduzidos a escravidão e isso reforçava a frase “Dêe-me a liberdade ou dêe-me a morte, ou seja, é preferível morrer, a viver como escravo.
“A guerra da Independência”
Para nos localizarmos no tempo podemos considerar o período da Guerra de Independência Norte Americana teve o seu início em 1775(batalha de lexington) e seu término em 1783 com o Tratado de Paris. Após diversas tentativas de taxar produtos em suas colônias, sem sucesso, os ingleses se viram obrigados a intervir militarmente na revolta. Uma guerra que começaria entre ingleses contra ingleses e depois passaria a ser uma guerra de N. Americanos contra ingleses. Uma luta em que os ingleses já se consideravam vencedores antes mesmo de começar a batalha, e acho muito provavelmente que nem os colônos acreditavam numa vitória frente aos ingleses.
Os Britânicos eram a maior potencia do mundo naquele momento, tinha a temida Esquadra Britânica, um exército organizado e uniformizado (Jaquetas Vermelhas) e contavam ainda com a ajuda de colonos legalistas fieis a coroa britânica, e um batalhão de mercenários alemães contratados pelos ingleses. Contra um exército de milícias rebeldes fragmentado.
Os primeiros anos de guerra foram de sucessivas derrotas dos N. Americanos frente às tropas inglesas, e só a partir da entrada da França (1778) e da Espanha (1779) como aliados dos N. Americanos mudaria os rumos desta batalha. Com apoio financeiro e militar os norte-americanos finalmente venceriam a guerra contra a metrópole. Sabemos que a França aproveitou-se da situação para vingar-se da derrota sofrida na guerra dos sete anos. E com o ato simbólico da rendição do Coronel Cornwalis em Yorktown em 1781 a derrota dos ingleses foi decretada. Porém só em 1783 foi assinado o tratado de paris, que oficialmente reconheceria a Independência Norte Americana.
“A revolução dentro do estado”
Após a Guerra de independência os N. Americanos sentiram a necessidade de criar um “Sistema de organização Político” adequado a suas antigas colônias, que agora passariam a ser Estados. Com isso travou-se um amplo debate sobre qual seria a organização política do primeiro Estado livre da América. De um lado estavam os Republicanos defensores de um poder central simbólico e mantendo a autonomia dos estados. Enquanto que os Federalistas eram partidários do fortalecimento do poder central. Mas então, qual seria o ideal? Uma República ou treze Repúblicas?
A revolução, pelo menos no seu início, não foi de âmbito nacional, e sim que as colônias apenas se uniram para lutar contra a “tirania” Britânica. Passada a guerra os estados se voltaram as suas necessidades deixando claro que em primeiro lugar vem os interesses do estado depois o da Nação.
Os N. Americanos tinham um medo declarado de ser governado por um poder unificado, e isso se deve ao seu período colonial e ao fato de em sua formação não tivesse nenhum líder religioso ou uma Aristocracia forte o bastante, que possa naquele momento se dizer herdeira da Nação. Por isso a Constituição dos Estados Unidos da América promulgada em 1787, apresentou como solução para equilibrar o poder, instaurando uma República Federativa Presidencialista.
Outro fato da revolução seria a busca e conquista das liberdades individuais como de Religião. Mas estas liberdades serviam somente para uma classe privilegiada geralmente branca, os negros não eram considerados iguais, por isso a constituição não poderia defendê-los. A revolução não conseguiu implantar uma democracia efetiva nos E.U.A pois nem o voto foi direito de todos e também era destinado à classe dominante. Devemos então afirmar que até aquele momento a revolução não tinha ainda terminado, e talvez até hoje ela ainda não tenha chegado ao seu fim.
“A Revolução da Nação”
Quando se fala na Revolução Norte Americana vão podemos esquecer que ela não atingiria a todos da Nação, os treze estados N. Americanos ainda não formavam uma unidade nacional e somente os fidalgos revolucionários, que durante a guerra de independência ocupariam cargos nacionais, queiram a formação de uma Nação. Se para os homens que participaram do processo de Independência o sentimento nacional começa a fazer parte se sua consciência, transformando o pensamento desses líderes como George Washington e John Adams, que passam a se enxergar antes como Americanos e depois como Virginianos, mas era uma mudança que não atingiria a todos.
Em 1780 os fidalgos revolucionários concluíram que a revolução não teria atingido os estados em sua totalidade, e eles continuavam autônomos, e pouco importava os problemas do País. Estes estados continuavam soberanos frente ao congresso nacional e aprovavam leis direcionadas as suas necessidades, mas que acabavam por proporcionar certo descontrole econômico e social que causariam atritos entre eles. Leis estas, que terminariam prejudicando a Organização Nacional.
Por isso os fidalgos continuavam a sua luta para criar uma nação para que os E.U.A passassem a ser respeitado como um novo País pelas outras nações, e também enxergavam na revolução uma maneira de contrabalancear o poder democrático dos estados.

A partir da Revolução Constitucional de 1789 os E.U.A criaram um sistema político simples e basicamente composto por um Congresso com poderes específicos como fixar impostos e criar um exército, para a nação, além de um senado, do qual os senadores teriam um mandato de seis anos, eleitos indiretamente para aprovar tratados e nomear presidentes, enquanto que a Câmara dos Representantes ocupa-se com as leis de natureza econômica. Deste modo também surgiria o poder executivo com autoridade limitada, mas capaz de vetar leis e um Judiciário composto por uma Corte Suprema formada por membros escolhidos pelo presidente e aprovados pelo senado.
Mesmo com todo esse aparato político a Revolução N. Americana não alcançaria os seus objetivos. As eleições estaduais, num primeiro momento, mobilizavam um número muito maior de eleitores, do que os pleitos Federais. Somente após a ocupação de quase todo o seu território (a marcha para o oeste), isolamento de certas áreas e a criação de instituições de ensino, de crédito, Religiosas, além da criação de canais e estradas de ferro é que os E.U.A começariam a criar um sentimento nacional. Mas precisamos saber que esta nação ainda se constituía num país liderado e eleito por “Homens-Brancos”.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Martinho Lutero

Martinho Lutero e o Protestantismo
Entre os séculos XIV e XV, períodos que antecederam a Reforma Protestante, foram épocas complicadas, as dificuldades econômicas geraram uma quebra na paz social culminando numa desorganização econômico-social na Europa. Alguns fatores colaboraram para esses acontecimentos, eram eles: a fome, as epidemias e as guerras. Todos estes eventos acabaram gerando um surto de revoltas, essas agitações eram violências espontâneas, banditismo organizado e rebeliões camponesas. Entre outros fatores provocadores de uma nova situação social podemos citar:

A Peste Negra, que desagregou a estrutura social;
A Expansão Marítima e Comercial;

A ascensão da Burguesia;
Formação dos Estados Absolutistas;
E o Renascimento Cultural, que era um novo pensamento, que tenta desvincular o poder absoluto de Deus sobre o homem;


No período anterior ao Renascimento as explicações para os acontecimentos eram sempre de cunho religioso (extraterreno), um problema social e Excesso de fé, ou seja, a fé explica tudo, e todos já sabiam que para acalmar a ira divina teriam que praticar boas obras, agradáveis aos olhos Deus, mas no período em questão a peste assolava a Europa e mesmo a devoção dos fiéis foi capaz de reverter esse quadro de medo na Europa, e nesse contesto estava inserido todos os de cristãos, inclusive Martin Lutero.


Dentro desse medo havia também descontentamento com a conduta da igreja, que era acusada de ter um comportamento mundano como, a ligação com o poder do Estado, o comércio de indulgências e o Papa e seus filhos em postos dentro do clero. A igreja passa a ser incompreensível aos olhos dos fiéis, pois não vivem no celibato, comerciam bens sagrados e participam das tramas políticas. A prática dessa igreja choca a todos e o povo busca na Reforma Protestante uma saída. É sempre importante lembrar que esses movimentos não eram de ruptura, mas sim buscava uma igreja revigorada uma volta ao “Cristianismo Primitivo”.


Martin Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483 em Eisleben, uma pequena cidade da Alemanha. Seus pais eram de origem camponesa. Seu pai adquiriu, pouco a pouco, certo bem estar por seu trabalho na extração mineira. Eram religiosos tradicionais. Mas não havia na família nem sacerdotes nem monges. Lutero estudava Direito, mas conforme ele mesmo relatou, o que fez com que ele se tornasse monge foi um raio que quase o matou. Estudar Teologia foi o caminho para Lutero encontrar respostas para suas angústias e foi também o caminho para descobertas importantes e para a Reforma.


O estudo minucioso por parte de Lutero das Sagradas Escrituras (Bíblia) o levou pregar que deveria ocorrer uma Reforma na doutrina do Catolicismo. Fica claro que ele não queria romper com o catolicismo e sim adequá-lo a o que diz a Bíblia. E segundo o seu entendimento:
“O justo viverá pela fé”, independente de suas obras, que era a doutrina da “Justificação pela fé”;
“A Bíblia era a única fonte para se conhecer a palavra de Deus”, que era a doutrina da “Infalibilidade única da Bíblia”;


E que não se precisava de um padre para comunicar-se com Deus, pois ele estava dentro de cada um, que era a doutrina do “Sacerdócio Universal”;


Com a idéia de que todos deveriam ter acesso à sagrada escritura Lutero traduz a Bíblia para o Alemão difundindo assim os idiomas nacionais. É importante lembrar, que antes de Lutero existiam outros reformistas, mas estes não tiveram a mesma proteção que ele teve por parte dos Príncipes Alemães, que queriam se desvincular de Roma. Assim cansado de tentar se fazer entender, Lutero então prega as suas 95 teses na porta da igreja de Witemberg, e pretende com isso reformular a Igreja.


A Reforma Protestante obteve primeiramente a aceitação nas regiões do Norte da Alemanha, Dinamarca, Noruega e Suécia, e tinha como idéias fundamentais: o fim da hierarquia eclesiástica; dois sacramentos; a bíblia como fonte de fé e de livre interpretação; a salvação pela fé; e a tradução da Bíblia para vários idiomas incentivando o uso das línguas nacionais.
Em janeiro de 1521, o Papa declarou Lutero Herege e o excomungou. Isso significa que ele estava excluído da igreja. Seus livros foram queimados e os seus seguidores foram exortados a abandoná-lo. A Reforma Luterana provocou a Contra-Reforma, também chamada de Reforma Católica, há quem diga que Lutero tenha salvado a Igreja católica. Ele nunca quis dividir a Igreja, mas se viu forçado, pois sendo ele expulso da igreja, Lutero só viu uma maneira de continuar com a reforma: criar uma nova comunidade religiosa.

A Inquisição Ibérica e a caça as Bruxas

A Inquisição Ibérica possui algumas particularidades, entre eles está a associação entre a Igreja e Estado, que era autorizada pelo Papa, mas o seu idealizador foi o Rei. A inquisição Ibérica foi um método de repressão político, religioso e econômico, utilizados pelos reinos de Espanha e Portugal durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Tinha como objetivo o combate aos não católicos, e principalmente Judeus e Mouros. Havia também a vigilância aos cristãos novos e toda essa perseguição estava associada à centralização do poder, pois era um tempo que se levantava a bandeira de um só território, uma só lei, uma só religião. E igreja viu nisso uma forma de controlar a sociedade a partir da desconfiança e terror. Como já comentei, eram medidas direcionadas a política, economia e religião.

Além de Judeus e Mouros, a perseguição também se ocupava dos conversos, que também eram conhecidos como cristãos novos. Os Judeus e seus descendentes conversos eram os preferidos da Inquisição devido ao seu alto poder econômico. Os Inquisitores precisavam dos bens adquiridos pelos Judeus durante a época em que viviam em harmonia com as outras religiões, tudo isso para que a classe aristocrática se mantivesse no poder. Assim eles confiscavam todos os bens dos acusados de heresia, que eram geralmente integrantes da Nova Burguesia (na sua maioria, Judeus).

Os Inquisidores também criaram mecanismos de controle como os “estatutos de pureza de sangue”, discriminação usada pela religião para perseguir os conversos (cristãos novos) e Mouro. Este estatuto estipulou que nenhum descendente de Judeu ou Mouro, até a 6ª geração, podia pertencer às corporações profissionais, cursar universidades, ingressar nas ordens religiosas e militares ou ocupar qualquer posto oficial. Ficava explícita, que as medidas além de serem de cunho religioso eram também sociais. A perseguição a essa burguesia judaica foram exploradas pelas facções do poder, principalmente a igreja, que procurou liderar uma intensiva propaganda anti-judaica responsabilizando os judeus por todos os males que atingiam a nação. Além disso, a coroa junto com a nobreza apoiava-se na inquisição, que durante séculos foi a garantia da continuidade do sistema.
As lavagens cerebrais aplicadas pela inquisição durante séculos surtiram efeito. Vigiando minuciosamente tudo que se escrevia, o Santo Ofício transformou a maior parte da população de Espanha e Portugal em um povo sem opinião crítica. A inquisição impediu que Portugal e Espanha acompanhassem o progresso científico e cultural da Europa, levando-os para um obscurantismo, do qual tentam sair até os dias atuais. Ela também colaborou com o não progresso industrial e econômico de Espanha e Portugal, e o não acompanhamento ao progresso das nações européias se deve em grande parte à política inquisitorial. A inquisição tirava a liberdade de ação da nova burguesia, provocando a fuga dos cristãos novos e judeus para outros países levando consigo os capitais e também a capacidade de acumular os mesmos, travando a formação de uma burguesia forte financeiramente, tanto em Portugal quanto na Espanha. Esses aspectos produziram a desconfiança entre os mercadores estrangeiros, que não investiam seus capitais em Espanha ou em Portugal. A inquisição atuou sem limites, arruinou numerosas firmas e prendeu importantes homens de negócios, gerando assim um atraso econômico, do qual Espanha e Portugal sofrem até o período em que vivemos.

Portanto eu vejo a Inquisição Ibérica como um ato detestável, pois, trouxe consigo tanto a discriminação, quanto o atraso político e econômico para Portugal e Espanha e também para as suas respectivas colônias.

Posteriormente a onda de perseguição às feiticeiras por parte da inquisição na época moderna alastrou-se por toda Europa, principalmente Alemanha, Inglaterra, Itália e França, que eram perseguidas pela acusação de:

Lançar mão-olhado sobre crianças;
Desfazer amor e casamento;
Receber presentes do Diabo;
Praticar cerimônias em pacto com o demônio (SABBAT)
Cometer atos contra a honestidade e a religião;
E também qualquer desastre natural era relacionado às feiticeiras, como uma má colheita;
Até o enriquecimento às vezes era relacionado à bruxaria;

Eram perseguidas por católicos e protestantes por manterem o conhecimento da tradição oral, as feiticeiras mantinham práticas e explicações sobre a natureza e a sociedade, que tinham origem no “mundo pagão”. Elas tiveram que enfrentar um período de exacerbação da religiosidade, onde foi definido que Deus é o bem e o Diabo tudo que está fora da religião. E como os protestantes levavam em conta somente as sagradas escrituras, eles também perseguiam as bruxas.

A bruxa, para os inquisidores, eram geralmente uma mulher velha, feia, solteira, sozinha ou viúva, fazia poções, benzeduras e muitas vezes eram também ex-prostitutas. Tinham sempre uma identificação com animais como a coruja, gatos e cachorros, alguns acreditavam que elas podiam se transformar nesses animais para andar disfarçadas entre os populares, o chamado Zoomorfismo. A morte de bebês também era relacionada a elas, os fiéis acreditavam que as bruxas poderiam matar uma criança com um simples olhar, mas já é sabido que a precariedade e a miséria da época colaboravam para um alto índice de mortalidade infantil.

Os inquisidores e também os populares alimentavam a fantasia de que as feiticeiras freqüentavam uma cerimônia chamada de SABBAT ou Missa Negra, a Assembléia Demoníaca, que na verdade nunca existiu, mas para os inquisitores e populares, como existia a missa para os cristãos tinha que ter algum tipo de ritual para as bruxas.

Acredito que esta perseguição, que levou muitas feiticeiras a fogueira, foi impulsionado por um medo imaginário e fantasias alimentadas pela igreja sobre o poder mágico das bruxas, do que pelo perigo real, que era inexistente. Por que na realidade elas eram simplesmente mulheres, em geral velhas com um aprofundado conhecimento na tradição oral e nas forças da natureza, geralmente alquimistas e nada mais.

A Princesa Antígona


Venho por meio de esta resenha tentar expor de maneira simples e convincente, dentro das minhas limitações, que conclusões tirei da leitura da obra Antígona criada por Sófocles (495 a.C. – 406 a.C), o autor que viveu em Atenas (Grécia), e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade, essa obra foi escrita a mais ou menos há 2.500 anos atrás, é composta por 12 personagens e faz parte das sete tragédias completas que se tem conhecimento, das quais tive contato com cinco: Édipo em Colono, Édipo Rei e Antigona (Sófocles); Os sete contra Tebas (Ésquilo); As Fenícias (Eurípedes), esta última mostra uma visão feminina da tragédia. Alguns cientistas especializados no assunto falam em 123 obras.

Antígona e Creonte são os principais personagens da tragédia, Antígona é filha de Édipo e Jocasta, irmã de Ismene, Polinice e Eteócles. Creonte irmão de Jocasta e um rei autoritário casado com Eurídice, do qual teve um filho chamado Hemon, noivo de Antígona. Entre outros personagens há Corifeu, conselheiro do Creonte, tem o Guarda, o Mensageiro, o 2º Mensageiro e Tirésias o adivinho. Após essa pequena apresentação, vamos à parte que nos interessa, ou seja, o desfecho dessa tragédia.

A trama começa com a morte dos dois irmãos da princesa, Polinice e Eteócles, que foram amaldiçoados devido ao relacionamento entre Édipo e Jocasta, que eram respectivamente filho e mãe. Daí vem a teoria de Froid, chamada de “Complexo de Froid”, conceito sobre os casos em que o filho desenvolve uma outra atração, além da afetiva, pela mãe. Um erro em minha opinião, porque o Édipo não sabia que Jocasta era a sua Mãe, e muito menos ela que Édipo era seu filho.
Com a morte de Édipo os filhos tinham decidido dividir o trono em períodos distintos para cada um, mas depois de algum tempo Eteócles possuído pela praga jogada sobre os Labdácidas, nega-se a ceder o lugar ao irmão. Assim começa a batalha pela disputa do trono de Tebas, mas o destino escolhido pelos Deuses (ou pelo autor) fez com que um matasse o outro numa batalha pelo poder, e que o trono ficasse com Creonte, que era cunhado de Édipo, um rei autoritário que só enxerga em quem estão a sua volta conspirações para derrubá-lo do trono, vê em todos, uma ameaça ao seu reinado. O medo de perder o controle (poder) sobre seu povo faz com que cometa erros que o levarão à desgraça. O grande enredo começa quando ele (Creonte) nega a Polinice (filho de Édipo) um funeral digno de um rei, com o argumento que ele traiu seu povo lutando contra o seu irmão pelo trono e contra Tebas, e a Eteócles dá um funeral digno de quem deu a vida pelo seu povo. É difícil julgar com os olhos de hoje se Creonte agiu certo ou errado, acredito que ele seguiu a sua consciência impregnada de medo e desconfianças, e decidiu seguir a lei dos homens negando a lei divina. Enquanto Antígona fiel seguidora das leis divinas não aceitou que seu irmão ficasse sem um funeral, por que para ela a lei dos deuses é maior que a lei dos homens, segundo a obra ela morreria por isso se precisasse. Antígona era prometida a Hemon filho de Creonte, que com uma “ajuda” da Deusa Afrodite defendeu a princesa de todas as maneiras possíveis.

A heroína era uma personagem forte e decidida como Creonte e assim estava formado um cabo de guerra, onde numa ponta estava Antígona representante “da lei dos deuses”, e na outra Creonte representante “da lei dos homens”, uma luta de duas correntes de pensamentos de duas personalidades fortes. Antígona representa a religião familiar puramente privada, limitada ao circulo de seu contexto social, centrada no lar familiar e nos mortos. Creonte representa a religião Pública, na qual os deuses das cidades tendem a confundir-se com valores supremos do estado.
Antígona consulta a irmã Ismene para que ela a ajude a realizar o funeral do irmão, mas Ismene se nega por medo de ser condenada pelas ordens dadas por Creonte. Assim Antígona, decidida a realizar o funeral do irmão, parte para sua missão mostrando toda a sua coragem e determinação em uma época em que as mulheres eram consideradas frágeis e inferiores ao homem. E contra a vontade do rei ela realiza o funeral de Polinice despertando a ira de Creonte.

O medo de que isso seja uma conspiração contra o seu reinado deixa Creonte atordoado ao ponto de condenar à morte a futura mulher de seu filho, o rei vê nesta ação a única forma de despoluir o reino de Tebas. Porém não sabia ele que essa decisão acabaria, por matar também seu filho sua esposa. O povo como todos envolvidos na trama não aprovam a decisão de Creonte, mas ninguém tem coragem de contrariar o soberano a não ser Antígona e Hemon, este último aparentemente, enfeitiçado por Afrodite.

O único momento em que Antígona parece que vai ser perdoada por Creonte é no o em que Tirésias, adivinho do reino, tem uma visão que mostra a morte de Hemon e da Heurídice (filho e mulher de Creonte respectivamente) e convence o rei a mudar sua posição em relação à pena imposta a Antígona, Assim Creonte sai disposto a concertar tudo e libertar Antígona, mas lembre-se se trata de uma tragédia, e quando chegou à prisão, onde estava à princesa que foi enviada por ele, já era tarde demais, porque ela morta (enforcou-se, supostamente) e seu filho ao ver tudo isso também se suicidou e sua mãe Eurídice sabendo de toda tragédia decide também por fim a sua vida. Enfim o rei reconhece a sua culpa e a tragédia estava completa.

Portanto poderia eu afirmar, que estas obras tinham o propósito de discutir temas como, Política, Direito, moral, ética e filosofia de uma maneira mítica. A filha de Édipo atormentada pela crescente infelicidade da sua família, talvez, estivesse, ao desafiar a Lei em busca de uma morte gloriosa, e sobre Creonte caia toda a responsabilidade. E em torno da sua decisão é que acontecem todas as desgraças. Creonte acredita que pode construir uma nova dinastia, afastada da maldição que cercava os Labdácidas, além de punir exemplarmente quem o contrariar, e nesta concepção ele cai em desgraça.

domingo, 22 de março de 2009

A MISÉRIA DA POLÍTICA BRASILEIRA

Este breve artigo tratará de uma situação muito incomoda, principalmente a mim, e como cidadão ativo politicamente não poderia deixar de comentar essa palhaçada que virou a política nacional, com o retorno de dois políticos, dos quais eu achava que se tratava de duas figuras já enterradas politicamente por suas incapacidades de realizar um governo digno para a sua nação.

Mais uma vez os nossos políticos provaram que fazem o que querem. Como se já não bastasse esse mar de corrupção, agora eles decidiram resgatar a “banda podre direitista”, que no passado foram “varridos” da vida pública devido à incapacidade de governar, e não passarem de representantes de uma elite mantenedora de seu status quo. Um é um fantoche que serviu de esteio para a ditadura durante a transição para a redemocratização. O outro um astuto político da elite, que se aproveitou da sua “pinta” de “galã da novela das oito”, para conquistar a confiança da maioria da nação tornando-se presidente da república. O resultado de tudo isso foi um desastre político para um Brasil já derrubado economicamente. Corrupção e manobras políticas faziam – e ainda fazem – parte da política nacional. E quando achei que isso fazia parte do passado, e que já havíamos superado tudo isso, pois não é que eles voltaram, enquanto preocupava-me com os novos sanguessugas da nossa política, como os “Renas” e os “novos ACM’s, vejo que estes engrossam as suas fileiras com duas das piores figuras da história política recente no Brasil. Daí me pergunto: Será que só eu conheço a história destes dois “picaretas”? Cadê os caras pintadas do “Impeachment”, aprovado no dia 28 de agosto de 1992 pela Câmara dos Deputados. Será que o povo brasileiro está mergulhado numa miséria política, que os deixam incapazes de enxergar o que está acontecendo na cena política do Brasil?

Quero lembrar a todos que o Estado, desta maneira, está sendo comandado/manipulado, e está defendendo somente o interesse de alguns, e não os da maioria. Pois se é vontade da maioria, que homens como esses participem da política nacional, aí sim, chego à conclusão de que estamos mergulhados numa miséria política. E isto prova cada vez mais que “um povo que não conhece a sua história, está fadado a repeti-la.