quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Princesa Antígona


Venho por meio de esta resenha tentar expor de maneira simples e convincente, dentro das minhas limitações, que conclusões tirei da leitura da obra Antígona criada por Sófocles (495 a.C. – 406 a.C), o autor que viveu em Atenas (Grécia), e foi um dos maiores intelectuais da Antigüidade, essa obra foi escrita a mais ou menos há 2.500 anos atrás, é composta por 12 personagens e faz parte das sete tragédias completas que se tem conhecimento, das quais tive contato com cinco: Édipo em Colono, Édipo Rei e Antigona (Sófocles); Os sete contra Tebas (Ésquilo); As Fenícias (Eurípedes), esta última mostra uma visão feminina da tragédia. Alguns cientistas especializados no assunto falam em 123 obras.

Antígona e Creonte são os principais personagens da tragédia, Antígona é filha de Édipo e Jocasta, irmã de Ismene, Polinice e Eteócles. Creonte irmão de Jocasta e um rei autoritário casado com Eurídice, do qual teve um filho chamado Hemon, noivo de Antígona. Entre outros personagens há Corifeu, conselheiro do Creonte, tem o Guarda, o Mensageiro, o 2º Mensageiro e Tirésias o adivinho. Após essa pequena apresentação, vamos à parte que nos interessa, ou seja, o desfecho dessa tragédia.

A trama começa com a morte dos dois irmãos da princesa, Polinice e Eteócles, que foram amaldiçoados devido ao relacionamento entre Édipo e Jocasta, que eram respectivamente filho e mãe. Daí vem a teoria de Froid, chamada de “Complexo de Froid”, conceito sobre os casos em que o filho desenvolve uma outra atração, além da afetiva, pela mãe. Um erro em minha opinião, porque o Édipo não sabia que Jocasta era a sua Mãe, e muito menos ela que Édipo era seu filho.
Com a morte de Édipo os filhos tinham decidido dividir o trono em períodos distintos para cada um, mas depois de algum tempo Eteócles possuído pela praga jogada sobre os Labdácidas, nega-se a ceder o lugar ao irmão. Assim começa a batalha pela disputa do trono de Tebas, mas o destino escolhido pelos Deuses (ou pelo autor) fez com que um matasse o outro numa batalha pelo poder, e que o trono ficasse com Creonte, que era cunhado de Édipo, um rei autoritário que só enxerga em quem estão a sua volta conspirações para derrubá-lo do trono, vê em todos, uma ameaça ao seu reinado. O medo de perder o controle (poder) sobre seu povo faz com que cometa erros que o levarão à desgraça. O grande enredo começa quando ele (Creonte) nega a Polinice (filho de Édipo) um funeral digno de um rei, com o argumento que ele traiu seu povo lutando contra o seu irmão pelo trono e contra Tebas, e a Eteócles dá um funeral digno de quem deu a vida pelo seu povo. É difícil julgar com os olhos de hoje se Creonte agiu certo ou errado, acredito que ele seguiu a sua consciência impregnada de medo e desconfianças, e decidiu seguir a lei dos homens negando a lei divina. Enquanto Antígona fiel seguidora das leis divinas não aceitou que seu irmão ficasse sem um funeral, por que para ela a lei dos deuses é maior que a lei dos homens, segundo a obra ela morreria por isso se precisasse. Antígona era prometida a Hemon filho de Creonte, que com uma “ajuda” da Deusa Afrodite defendeu a princesa de todas as maneiras possíveis.

A heroína era uma personagem forte e decidida como Creonte e assim estava formado um cabo de guerra, onde numa ponta estava Antígona representante “da lei dos deuses”, e na outra Creonte representante “da lei dos homens”, uma luta de duas correntes de pensamentos de duas personalidades fortes. Antígona representa a religião familiar puramente privada, limitada ao circulo de seu contexto social, centrada no lar familiar e nos mortos. Creonte representa a religião Pública, na qual os deuses das cidades tendem a confundir-se com valores supremos do estado.
Antígona consulta a irmã Ismene para que ela a ajude a realizar o funeral do irmão, mas Ismene se nega por medo de ser condenada pelas ordens dadas por Creonte. Assim Antígona, decidida a realizar o funeral do irmão, parte para sua missão mostrando toda a sua coragem e determinação em uma época em que as mulheres eram consideradas frágeis e inferiores ao homem. E contra a vontade do rei ela realiza o funeral de Polinice despertando a ira de Creonte.

O medo de que isso seja uma conspiração contra o seu reinado deixa Creonte atordoado ao ponto de condenar à morte a futura mulher de seu filho, o rei vê nesta ação a única forma de despoluir o reino de Tebas. Porém não sabia ele que essa decisão acabaria, por matar também seu filho sua esposa. O povo como todos envolvidos na trama não aprovam a decisão de Creonte, mas ninguém tem coragem de contrariar o soberano a não ser Antígona e Hemon, este último aparentemente, enfeitiçado por Afrodite.

O único momento em que Antígona parece que vai ser perdoada por Creonte é no o em que Tirésias, adivinho do reino, tem uma visão que mostra a morte de Hemon e da Heurídice (filho e mulher de Creonte respectivamente) e convence o rei a mudar sua posição em relação à pena imposta a Antígona, Assim Creonte sai disposto a concertar tudo e libertar Antígona, mas lembre-se se trata de uma tragédia, e quando chegou à prisão, onde estava à princesa que foi enviada por ele, já era tarde demais, porque ela morta (enforcou-se, supostamente) e seu filho ao ver tudo isso também se suicidou e sua mãe Eurídice sabendo de toda tragédia decide também por fim a sua vida. Enfim o rei reconhece a sua culpa e a tragédia estava completa.

Portanto poderia eu afirmar, que estas obras tinham o propósito de discutir temas como, Política, Direito, moral, ética e filosofia de uma maneira mítica. A filha de Édipo atormentada pela crescente infelicidade da sua família, talvez, estivesse, ao desafiar a Lei em busca de uma morte gloriosa, e sobre Creonte caia toda a responsabilidade. E em torno da sua decisão é que acontecem todas as desgraças. Creonte acredita que pode construir uma nova dinastia, afastada da maldição que cercava os Labdácidas, além de punir exemplarmente quem o contrariar, e nesta concepção ele cai em desgraça.

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