quinta-feira, 21 de maio de 2009

A Inquisição Ibérica e a caça as Bruxas

A Inquisição Ibérica possui algumas particularidades, entre eles está a associação entre a Igreja e Estado, que era autorizada pelo Papa, mas o seu idealizador foi o Rei. A inquisição Ibérica foi um método de repressão político, religioso e econômico, utilizados pelos reinos de Espanha e Portugal durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Tinha como objetivo o combate aos não católicos, e principalmente Judeus e Mouros. Havia também a vigilância aos cristãos novos e toda essa perseguição estava associada à centralização do poder, pois era um tempo que se levantava a bandeira de um só território, uma só lei, uma só religião. E igreja viu nisso uma forma de controlar a sociedade a partir da desconfiança e terror. Como já comentei, eram medidas direcionadas a política, economia e religião.

Além de Judeus e Mouros, a perseguição também se ocupava dos conversos, que também eram conhecidos como cristãos novos. Os Judeus e seus descendentes conversos eram os preferidos da Inquisição devido ao seu alto poder econômico. Os Inquisitores precisavam dos bens adquiridos pelos Judeus durante a época em que viviam em harmonia com as outras religiões, tudo isso para que a classe aristocrática se mantivesse no poder. Assim eles confiscavam todos os bens dos acusados de heresia, que eram geralmente integrantes da Nova Burguesia (na sua maioria, Judeus).

Os Inquisidores também criaram mecanismos de controle como os “estatutos de pureza de sangue”, discriminação usada pela religião para perseguir os conversos (cristãos novos) e Mouro. Este estatuto estipulou que nenhum descendente de Judeu ou Mouro, até a 6ª geração, podia pertencer às corporações profissionais, cursar universidades, ingressar nas ordens religiosas e militares ou ocupar qualquer posto oficial. Ficava explícita, que as medidas além de serem de cunho religioso eram também sociais. A perseguição a essa burguesia judaica foram exploradas pelas facções do poder, principalmente a igreja, que procurou liderar uma intensiva propaganda anti-judaica responsabilizando os judeus por todos os males que atingiam a nação. Além disso, a coroa junto com a nobreza apoiava-se na inquisição, que durante séculos foi a garantia da continuidade do sistema.
As lavagens cerebrais aplicadas pela inquisição durante séculos surtiram efeito. Vigiando minuciosamente tudo que se escrevia, o Santo Ofício transformou a maior parte da população de Espanha e Portugal em um povo sem opinião crítica. A inquisição impediu que Portugal e Espanha acompanhassem o progresso científico e cultural da Europa, levando-os para um obscurantismo, do qual tentam sair até os dias atuais. Ela também colaborou com o não progresso industrial e econômico de Espanha e Portugal, e o não acompanhamento ao progresso das nações européias se deve em grande parte à política inquisitorial. A inquisição tirava a liberdade de ação da nova burguesia, provocando a fuga dos cristãos novos e judeus para outros países levando consigo os capitais e também a capacidade de acumular os mesmos, travando a formação de uma burguesia forte financeiramente, tanto em Portugal quanto na Espanha. Esses aspectos produziram a desconfiança entre os mercadores estrangeiros, que não investiam seus capitais em Espanha ou em Portugal. A inquisição atuou sem limites, arruinou numerosas firmas e prendeu importantes homens de negócios, gerando assim um atraso econômico, do qual Espanha e Portugal sofrem até o período em que vivemos.

Portanto eu vejo a Inquisição Ibérica como um ato detestável, pois, trouxe consigo tanto a discriminação, quanto o atraso político e econômico para Portugal e Espanha e também para as suas respectivas colônias.

Posteriormente a onda de perseguição às feiticeiras por parte da inquisição na época moderna alastrou-se por toda Europa, principalmente Alemanha, Inglaterra, Itália e França, que eram perseguidas pela acusação de:

Lançar mão-olhado sobre crianças;
Desfazer amor e casamento;
Receber presentes do Diabo;
Praticar cerimônias em pacto com o demônio (SABBAT)
Cometer atos contra a honestidade e a religião;
E também qualquer desastre natural era relacionado às feiticeiras, como uma má colheita;
Até o enriquecimento às vezes era relacionado à bruxaria;

Eram perseguidas por católicos e protestantes por manterem o conhecimento da tradição oral, as feiticeiras mantinham práticas e explicações sobre a natureza e a sociedade, que tinham origem no “mundo pagão”. Elas tiveram que enfrentar um período de exacerbação da religiosidade, onde foi definido que Deus é o bem e o Diabo tudo que está fora da religião. E como os protestantes levavam em conta somente as sagradas escrituras, eles também perseguiam as bruxas.

A bruxa, para os inquisidores, eram geralmente uma mulher velha, feia, solteira, sozinha ou viúva, fazia poções, benzeduras e muitas vezes eram também ex-prostitutas. Tinham sempre uma identificação com animais como a coruja, gatos e cachorros, alguns acreditavam que elas podiam se transformar nesses animais para andar disfarçadas entre os populares, o chamado Zoomorfismo. A morte de bebês também era relacionada a elas, os fiéis acreditavam que as bruxas poderiam matar uma criança com um simples olhar, mas já é sabido que a precariedade e a miséria da época colaboravam para um alto índice de mortalidade infantil.

Os inquisidores e também os populares alimentavam a fantasia de que as feiticeiras freqüentavam uma cerimônia chamada de SABBAT ou Missa Negra, a Assembléia Demoníaca, que na verdade nunca existiu, mas para os inquisitores e populares, como existia a missa para os cristãos tinha que ter algum tipo de ritual para as bruxas.

Acredito que esta perseguição, que levou muitas feiticeiras a fogueira, foi impulsionado por um medo imaginário e fantasias alimentadas pela igreja sobre o poder mágico das bruxas, do que pelo perigo real, que era inexistente. Por que na realidade elas eram simplesmente mulheres, em geral velhas com um aprofundado conhecimento na tradição oral e nas forças da natureza, geralmente alquimistas e nada mais.

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